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HOMENS DE GUERRA… FAÇAM AMOR!

Por admin

Escuto a música Sathani, de Roberto Chitsondzo. E o refrão imobiliza-me: “vula wena makweru/ udlayeli vanhu/ hi ku fela a u kosi” (Confessa, meu irmão/ mataste gente/ por ambição ao poder).

Não deixo de pensar em “Xipessera”, uma personagem politicamente estúpida, de uma das minhas peças , intitulada “… e a história repete-se. Do mal, por o mal e para mal”.Volto para a sátira dos Ghorwane. Escuto a tristeza dos factos narrados e poetizados, e revejo os últimos acontecimentos, e respectivas declarações, dos bichos políticos. Obviamente, não os definidos por Aristóteles, mas os definidos pela falta do coração que nortea a mente humana. Vejo-me e revejo-me no nada. Buscando Mia Couto, diria que estou na berma de nenhuma estrada, de um país qualquer, onde faltam mulheres que nos façam fazer amor.

Sim, fazer amor. Porque para fazer amor – e mesmo quando o fazemos – partimos de base dialógica: namoriscamos, preliminamos a mente e os nervos e nos deixamos cair no tremidente fogo do corpo. E “txongolamos” a noite inteira… Saímos de lá com as cabeças vazias de falta de inteligência, mas com os corações “desrancorizados”.

Quando as pessoas fazem amor, purificam as almas. Não é por acaso que queremos fumar o cachimbo da paz na esteira conjugal. Onde estão essas mulheres, capazes de, na sua vibração, trazer humanidade aos corações de políticos sem dó do seu povo? Mulheres como Abigail, uma das esposas do rei David, que interveio com a sua beleza e amor, para que David não descarregasse a sua fúria junto à aldeia dela, por causa de uma atitude mal pensada do seu marido? David amou aquela mulher, claro, depois que o marido morreu.

 Onde estão mulheres como a esposa de Pilatos? Cada vez que vejo o filme Paixão de Cristo, a cena que me arrepia é justamente aquela em que a mulher de Pilatos quase convence o homem a libertar Jesus. Claro, isso não acontece, porque a sua crucificação estava escrita nas escrituras; mas aquela mulher, com amor ardente, moldou o coração masculino. Poderia referir mais exemplos, como os das mulheres retratadas no clássico grego, Lisístrata de Aristófanes, só para mostrar que precisamos de fazer amor, para vivermos o amor.

Políticos precisam de fazer amor para terem clareza de ideias. Nós, homens, na esteira, deixamo-nos levar por elas. Eu dormi 3 noites numa árvore, em 1987. Eu e o meu irmão mais velho, por causa da guerra civil. Não quero passar por isto nunca mais. A minha mãe abraçou-me, teve pena de mim, do meu tremor. Ela fez amor comigo (uma mãe faz amor com o filho, dando carinho, quão as aves que acolhem as crias nas suas asas). Sou pacífico e, cada vez que faço amor, escrevo uma peça nova ou uma nova letra de música. Alguma mulher, por aí, com esse poder? Para amansar as atitudes belicistas destes políticos que estão a comprometer os nossos sonhos?
Xidiminguana, na música “Nihlayisse”, cantou “nhambi wo karata ngopfu/a ka nsati wa wena uta wokora” (ainda que sejas mau até aos píncaros/ diante da tua esposa ficarás manso). Será que ja não existem essas mulheres? Definitivamente, eles precisam dessas mulheres, fazerem amor, para terem mente e alma abertas para o diálogo.

Dadivo, porque sonhas? Algum dia eles irão ler isto? O único livro que leram, deve ter sido o de Maquiavel. E, certamente, interpretaram-no muito mal. Coitado de Rousseau, quando escreveu Contrato social; certamente, não contava com estes políticos. Ele contava com políticos que fazem amor.

 

 

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