Política

População quer troço concluído até 2019

A população da província de Niassa em geral e do distrito de Cuamba, em particular, quer que o troço da estrada Cuamba-Lichinga, numa extensão de cerca de trezentos quilómetros, seja concluído ainda no presente quinquénio que termina em 2019.

A estrada Cuamba-Lichinga é considerada espinha dorsal para o desenvolvimento da província, pois, a mesma serve para o escoamento da produção agrícola local, assim como para entrada de outros produtos, com destaque para o material de construção.

Para a população, com a asfaltagem da via, o custo de vida poderá reduzir significativamente, uma vez que haverá fluidez na transitabilidade rodoviária, com a consequente redução do tempo de viagem de cinco para duas horas, no período normal, enquanto no período chuvoso de dez para quatro horas.

Segundo disseram alguns habitantes de Cuamba, fala-se mais sobre a construção desta via nos períodos eleitorais, depois quando passam, fica tudo na mesma, o que deixa agastada a população que sempre vota com esperança de ver erguida esta infra-estrutura que poderá ser uma alavanca para Niassa sair do anonimato.

Em seguimento a um dito popular segundo o qual água mole em pedra dura tanto bate até que fura, a população renovou, perante o Presidente da República, Filipe Nyusi, o desejo de ver erguida aquela estrada, à semelhança da via-férrea, cuja reabilitação já esta em curso.

Ali Saide, residente em Cuamba, disse que as suas esperanças começam a esfumar-se visto que mesmo após a aprovação do Plano Económico-Social e o respectivo orçamento, nada há em relação ao início das obras ainda neste ano. As autoridades locais apontaram para o mês de Outubro como sendo o do início da mobilização do equipamento.

“Uma das preocupações da população é a construção da estrada Cuamba– Lichinga, entretanto, já vamos no meio do ano e nada se diz, para além de que não há nenhum sinal nesse sentido, ao contrário do que se passa com as obras da linha-férrea que já abrangeram 150 quilómetros”,disse Ali Saide.

Para aquele cidadão, é preciso passar do discurso à prática para que mais cidadãos, continuem a olhar para o partido no poder como o único preocupado em resolver as preocupações da população.

Por seu turno, Matilde Severiana arrolou, entre outras preocupações, a questão do abastecimento da água potável, que em alguns bairros do Município de Cuamba, contribui para a degradação do saneamento do meio, tendo como resultado diarreias cíclicas.

“No concernente à estrada, já não tenho palavras, porque de cinco em cinco anos fala-se desta promessa, sem ser concretizada. O que nos alegra é o facto de a linha férrea já estar em reabilitação, o que poderá facilitar a comunicação com a capital provincial”,disse Severiana, respondendo a uma pergunta do domingo sobre que acções o governo deveria tomá-las como prioritárias para Niassa.

Outro residente de Cuamba, Albertino Tomás, disse que as autoridades locais deveriam intensificar a educação sanitária para reduzir o índice de surto de diarreias que assolam o distrito, sobretudo no período chuvoso.

O nosso distrito é cercado por dois rios que embora sejam periódicos constituem uma das fontes para o abastecimento de água para a população. Entretanto, nos mesmos rios enquanto uns lavam a roupa, outros fazem necessidades maiores, o que de certa forma contribui para o alastramento das doenças diarreicas”, disse Albertino Tomas.

Ainda sobre esta questão, a nossa fonte sublinhou que em alguns bairros, as pessoas ainda têm mitos sobre o uso da latrina. “Há famílias em que não se admite que as fezes sejam depositadas na mesma latrina, isto tendo em conta os diferente graus de parentesco dentro da família, o que contribui para a proliferação das doenças”.

BUSCA-SE FINANCIAMENTO PARA ESTRADA

O Presidente Filipe Nyusi respondendo à população, que durante o comício em Cuamba levantou a questão da estrada, disse que a mesma preocupa o governo que desde os últimos mandatos tem estado a falar com os financiadores para a sua execução. “Acreditamos que ainda no presente mandato algo poderá ser visível, porque no nosso governo não falamos por falar”.

Homem de poucas palavras e muita acção, depois do comício, o Presidente da República deslocou-se à Estacão Ferroviária de Cuamba para avaliar in loco o grau da execução das obras da reabilitação da ferrovia.

Conhecedor do assunto, o Chefe do Estado não se deixou levar com as explicações evasivas dadas pelos engenheiros do projecto, na tentativa vã de justificar o uso de travessas e balastros de menor secção.

Para falar com conhecimento, o Presidente da Republica fez uma viagem de mais de um quilómetro para avaliar a qualidade da obra, sendo que terminada esta avaliação visitou as obras da construção da estacão de tratamento de agua a cidade.

 Arlindo Chilundo, governador de Niassa, afirmou no seu informe que as obras da estrada Cuamba-Lichinga estão no plano da província e que brevemente será lançado o concurso para a selecção do empreiteiro.

Chilundo acrescentou ainda que as obras serão repartidas em três trocos, nomeadamente, Lichinga-Massangulo, onde está em curso a revisão do respectivo projecto, enquanto entre Cuamba-Muita e Muita Massangulo está-se ainda à procura de financiamentos.

De referir que esta estrada começa em Nampula onde já foram concluídos os troços Nampula-Ribáuè (131 quilómetros) e Ribáuè-Malema (103 kms), faltando a ligação Malema-Cuamba, numa extensão de 141 quilómetros, cuja execução foi interrompida devido a problemas com o empreiteiro.

Ontem, segundo dia do trabalho em Niassa, Filipe Nyusi escalou o distrito de Mavago, onde visitou infraestruturas socioeconómicas, como por exemplo, a central fotovoltaica e orientou o Conselho Consultivo Distrital, entre outras acções.

Para hoje, Filipe Nyusi tem agendado uma deslocação ao distrito do Lago, onde vai inaugurar uma embarcação de fiscalização pesqueira, orientar um comício popular enquanto amanhã último dia, escala Lichinga, onde, entre outras actividades, vai visitar o complexo agro-industrial de AC-Matama antes de participar na última reunião popular.

Zambézia contra divisão do país

Antes de seguir para Niassa, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi visitou a província da Zambézia. O rescaldo desta visita, disse ter saído daquele ponto encorajado para prosseguir com o seu projecto de governação inclusiva e desenvolvimento sustentável. Segundo defendeu, a afluência da população nos comícios populares demonstra o carinho que nutre por ele. Em todos os lugares escalados, a tendência foi sempre crescente o que significa o reconhecimento de que nos pais há um só um Presidente”,disse Filipe Nyusi no final da visita de quatro dias efectuada a província da Zambézia.

O Chefe do Estado disse ainda que o objectivo que o levou àquela região foi atingido e que o balanço era positivo uma vez que as preocupações apresentadas estão sendo resolvidas paulatinamente, mormente, a situação da transitabilidade rodoviária, melhoria do abastecimento de água e energia, cuidados sanitários entre outras preocupações.

“Os nossos objectivos foram atingidos, conseguimos transmitir a mensagem da paz e unidade nacional e vimos que as pessoas começam a ganhar sensibilidade de que é necessário trabalhar para o desenvolvimento integrado. Portanto, estão assumir que as suas preocupações estão a ser resolvidas”,disse Filipe Nyusi, para quem a aderência popular aos comícios é sinal de confiança no seu projecto de governação.

Questionado sobre a declaração da despartidarização da Função Pública assinada há dias no âmbito do diálogo entre o Governo e a Renamo, o Chefe do Estado referiu-se nos seguintes termos. “É um indicador, um meio caminho. Naturalmente que não podemos produzir documentos que firam a Constituição da Republica”.

E continuou: “não podemos estar sempre a assinar documentos que beneficiam as lideranças. As pessoas precisam da paz e não da solução dos problemas das chefias que são a minoria. Em algumas zonas, era difícil fazer chegar a mensagem, mas com a nossa presença compreenderam que o problema não é resolver o problema de uma única pessoa, mas da maioria. Portanto, não resolver o problema de chá ou garrafa de água de uma pessoa, mas da maioria”, sublinhou o Presidente da República.

Antes deste rescaldo, o Presidente da República havia estado no Posto Administrativo de Nauela, distrito de Alto Molócuè, Zambézia, onde garantiu à população que o seu Governo nunca vai excluir nenhum distrito no seu ciclo de governação inclusiva. “Vamos deixar essa confusão de que eu sou daquela ou desta província e partirmos para o trabalho que é essencial para o desenvolvimento integrado dos pais”.

“Eu estou pronto para falar com qualquer pessoa que tiver algum problema, mas isso não significa que alguém tem que impor condições fora da lei. Portanto, não podemos hipotecar o país por discutir a questão das chefias nas Forças de Defesa e Segurança. Elas são apartidárias para além de que não é possível ficar com uma pessoa que vai aos 80 anos”,disse Nyusi, sublinhando que o mais importante neste momento é consolidar a paz e unidade nacional.

Ainda no comício de Nauela, por sinal o primeiro que ele realizou num posto administrativo, Nyusi afirmou que no seu governo, não serão permitidos actos de corrupção, quer a pequena, quer a grande. “Estamos a imprimir medidas de boa gestão dos recursos públicos, daí que vamos combater a corrupção que é um dos aspectos que, às vezes, trazem intolerância e impaciência”.

Para ser mais claro, o PR disse, por exemplo, que os agentes da Polícia de Trânsito não devem bloquear uma determina rua ou via para, ao em vez de fiscalizar a documentação normal, pedir o chamado “dinheiro do refresco.”

“Um polícia de trânsito não pode pedir “matabicho”. Isso provoca descontentamento, pelo que vamos atacar todos os aspectos que criam instabilidade, porque os moçambicanos precisam de trabalhar para produzir a sua própria riqueza”,disse o Chefe do Estado apelando à denúncia dos corruptos e corruptores.   

Domingos Nhúle,em Lichinga

Fotos de Sérgio Costa

 

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