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Esculpindo com o coração

Por admin

Escultores da Arte Makonde, em Maputo, afirmam que esculpem troncos com os corações concorrendo para esse efeito o facto de estarem a realizar esta actividade desde tenra

idade. Segundo contam, esculpir está no sangue e jamais deixarão de dar vida e novas formas aos troncos.

Em Maputo, no bairro da Costa do Sol e ao lado do Museu Nacional de Arte, existem oficinas que albergam escultores da Arte Makonde.

Tal como é costume nas sociedades tradicionais, estes homens aprenderam a arte através de conhecimentos passados de geração em geração, no distrito de Mueda, em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

De Cabo Delgado, alguns partiram para Maputo e daqui para o mundo, reportando-se escultores makondes em Espanha, Botswana e Portugal, onde transmitem também os seus conhecimentos, mitos e diversas estórias que rodeiam a arte dos Shetanis (espíritos).

Aqueles artistas vêem hoje na sua arte, não só um meio de sobrevivência, mas também de expor as suas ideias, fazer crítica e educar.

Jossefo Gualongo, 45 anos, escultor há 25, revela-nos que, “sempre que termino uma obra fico muito feliz porque acredito que através daquela obra mudarei a vida de muita gente; as artes têm esse potencial. As músicas, quadros, escultura podem mudar as vidas das pessoas e isso me deixa muito feliz,”.

O processo de incubação de uma obra de arte é longo, segundo nos dizem. Primeiro a inspiração, a vontade de trabalhar, e finalmente a transferência das ideias para o tronco.

“Olha esta actividade não recompensa pelo tempo que perdemos ao elaborar uma obra, mas eu gosto de esculpir,” disse Gualongo antes de acrescentar que “se pudesse expunha as minhas obras nas ruas.

Evans Ntchakódo, outro escultor, perante a declaração do seu colegadisse: “sim isso seria bom, esse sim seria o nosso maior ganho, as pessoas que não têm tempo para assistir a exposições poderiam contemplar as nossas obras nas ruas” apoiou.

Estes escultores carregam em si, o mesmo sentimento que tentam transmitir, através das obras Ujamaa (unidade). Dizem que nunca deixam que um colega deixe de trabalhar por falta de material.

 “Quando um colega não tem madeira nós, através da nossa associação damos-lhes madeira e ele faz o trabalho. Não queremos ver um irmão sem esculpir” disse Gualongo.

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