O investigador moçambicano Domingos Artur vai lançar na próxima quarta-feira, dia 11 de Setembro, na Mediateca do BCI, o seu mais recente livro. Intitulado Ngano – contos populares da província de Manica.
Com 162 páginas, o livro comporta 31 contos populares daquela província do Centro de Moçambique. A edição é do autor e o livro sai sob chancela da Khaiya Editores.
Domingos do Rosário Artur, autor do livro, afirma que os textos foram colectados durante os intervalos das investigações que faziam na província. “Nunca houve intenção peculiar de recolher contos. Foi no tempo das investigações que aproveitei as horas que restava para fazer a recolha dos contos. Recolhi e guardei-os. Tenho os contos há mais de nove anos.”
Falando da importância dos contos, Domingos afirma ter descoberto que os mesmos ajudam na compreensão filosófica. “Por força disso discuto na minha introdução, o lugar do conto nas culturas e civilização de todo mundo. Discuto a questão da literatura oral como fonte de história, de ensino”.
A recolha de contos é um processo que pressupõe audição das pessoas autorizadas. “Não basta recolher os contos é preciso que isso seja feito mediante contadores autorizados que sabem contar com detalhe uma história. Lembro-me dos Griot – contadores de histórias acompanhados de guitarra”.
A oralidade é uma das formas de ensinamento que se caracteriza pelo contar das histórias que se reflectem em vários momentos da vida das pessoas. Falando da valorização, Domingos Artur disse: “ A valorização da oralidade vai imortalizar essa forma de transmissão de saberes. Cada jovem e mesmo adulto quando for a sua aldeia deveria não só ler, mas escrever o que não está escrito. Cada um faz a sua parte”.
Respondendo à necessidade ou não de se reeditar a campanha de preservação da cultura, Domingos Artur disse: “Vamos criar formas de ter sempre campanhas de preservação cultural. Veja que os investigadores estão a usar o que foi colectado em aldeias tão recônditas que não se podia imaginar. A ideia é trazer para o livro a oralidade sem tirar o peso, o significado. Aliás, poderíamos colocar o desafio aos estudantes finalistas de História, áreas sociais, emgeral, para começarem a escrever suas teses baseando-se nos contos e outras situações que merecem destaque”.
O livro Ngano estava pronto há cinco anos. Entretanto, não era editado por faltade financiamento. “Contactei o BCI que se prontificou a patrocinar o livro abraçando a ideia”.
Domingos Artur foi director Nacional de Acção Cultural, Director da Cultura; e Director de promoção de Indústrias Culturais. actualmente é membro do Secretariado da Comissão Nacional de títulos honoríficos e Condecorações. É colaborador e docente de “Sociologia do Desporto, e Antropologia do Desporto, na escola Superior de Ciências do Desporto da Universidade Eduardo Mondlane.
Já publicou vários livros, a destacar: pequena história da cidade da Beira (1989); Makombe: Subsídios à reconstituição da sua personalidade (1996); Tradição e modernidade: que lugar para a tradição africana na governação descentralizada de Moçambique? (1999); Cidade de Chimoio: Ensaio sócio-histórico (1999); Eleitorado incapturável- Co-autor (1999); A participação das autoridades comunitárias na governação local (2003); Cidade de Gurué: Heranças e continuidades (2003); Antologia de jovens escritores de Manica – organizador (2003); Manyika: Breve história da cidade de Manica.
