Músicos, artistas plásticos, actores, poetas, entre outros interpretes das mais variadas expressões artísticas, residentes na província de Inhambane, pediram ao candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, uma maior atenção à classe na sua governação, uma vez que, no que depende deles, ele já é um vencedor da corrida à Ponta vermelha.
A preocupação foi manifestada durante um encontro organizado especialmente para que os artistas tomassem contacto directo com os planos de Filipe Nyusi para a classe em caso de vitória no dia 15 de Outubro.
De uma forma geral, os artistas que marcaram presença no Cine Tofo, disseram que apoiavam a candidatura de Filipe Nyusi, primeiro por ter sido indicado pelo Partido Frelimo, segundo porque já perceberam nele qualidades de líder e também uma grande paixão pela cultura.
João Marrime, músico, a título de exemplo, disse que tem estado atento à campanha do candidato Filipe Nyusi e reconhece que ele tem uma grande sensibilidade para as questões culturais.
“Sei que Filipe Nyusi vem de uma família comprometida com a cultura. Nos comícios interage de forma saudável com os artistas. Sei que tem irmãos que são artistas, nomeadamente Casimiro Nyusi e Atanásio Nyusi que brilharam na Companhia Nacional de Canto e Dança. Acho que isso explica muitas coisas”, disse Marrime.
Porém alertou que há uma grande insatisfação no seio da classe pela forma menos digna com que os artistas e a cultura são tratados a nível institucional: “o Ministério da Cultura parece servir única e exclusivamente aos que estão em Maputo. Não pode continuar assim. Nós também, que não vivemos em Maputo, merecemos alguma atenção por parte das autoridades da área”, disse.
Acrescentou que o descaso nas províncias é de tal ordem que a Cultura continua atrelada a Educação o que, naturalmente, coloca a classe em desvantagem.
Mira, uma jovem artista, lembrou que recentemente Inhambane acolheu um Festival Nacional da Cultura mas até hoje não se realizou nenhum encontro para análise do mesmo. O Ministério simplesmente “desapareceu” depois do Festival. Acho que seria interessante fazer-se esse balanço com os artistas. O festival também mostrou que Inhambane produz grandes nomes, como sejam os casos de Alípio Cruz e Jaco maria que aqui estiveram…mas mesmo esses artistas que hoje são reconhecidos a nível internacional, acredito que acabaram saindo do país por não se verem reconhecidos como pessoas que tinham algo para dar aos moçambicanos. Isso é triste”, disse Mira.
O encontro que decorreu em ambiente tranquilo registou ainda uma “reclamação” dos poetas da “Terra da Boa Gente” que, regra geral, quando se discute a cultura no nosso país, o enfoque é para a música quando há escritores, poetas, actores, artistas plásticos, artesãos, entre outros.
“É preciso alargar o campo de actuação governamental para não deixar de lado algumas expressões artísticas”, disse um dos escribas antes de acrescentar que “um poeta daqui fez o chefe de Estado ficar emocionado até chorar mas ninguém se aproximou dele para felicita-lo. Nem sempre o mais importante é o dinheiro. Uma saudação de um alto dirigente as vezes estimula mais”.
No seu manifesto, Filipe Nyusi promete dar particular importância acultura através de uma maior descentralização do próprio Ministério da Cultura , a construção de Casas da Cultura nas províncias e mesmo nalguns distritos. Promete também dar atenção especial aos artistas que, no seu entender, “são um produto importante da nossa cultura e que elevam ao mais alto, no concerto das nações, a nossa moçambicanidade, a nossa história”.
Os artistas de Inhambane reiteraram o apoio ao candidato da Frelimo e prometeram tudo afazer para que este seja o próximo residente da Ponta Vermelha “mas que não se deve esquecer das promessas que está a fazer até porque nenhum dos outros concorrentes, nomeadamente Afonso Dhlakama e Davis Simango, em nenhum momento falam dos artistas, sinal de que não estamos nas suas agendas de governação”.
Belmiro Adamugy