Artes & Letras

Artistas agitam Gwaza Muthini

As celebrações dos 120 anos de Gwaza Muthini que decorreram semana última, na vila de Marracuene, província de Maputo, foram marcadas pela forte exibição artística -cultural.

Houve feiras de artesanato e gastronomia, apresentação de dança tradicional, para além da realização de um mega concerto enquadrado na oitava edição do Festival de Marrabenta.

As festividades do “Gwaza Muthini” foram divididas em dois momentos: matinal e vespertino. O primeiro, dirigido pelo Governador da Província de Maputo, Raimundo Diomba, foi dedicado à realização da habitual cerimónia do “kuphahla” (evocação dos espíritos dos antepassados), seguido de uma deposição de uma coroa de flores no monumento dos guerreiros, entoação do Hino Nacional, e ainda dos discursos de ocasião.

Diversas pessoas, desde residentes de Marracuene aos curiosos vindos de diferentes partes da província de Maputo, fizeram-se ao local com vista a assistir aquela cerimónia tradicional que se realiza anualmente nos primeiros dias do mês em curso.

Também não faltou o tradicional ukanyi, bebida preparada na base de canhu e que é usada durante a evocação dos espíritos. Era possível ver mesmo depois da cerimónia oficial diversas pessoas, jovens  e idosos a consumí-la com prazer.

Já na parte da tarde, notava-se mais afluência daqueles que tinham a intenção de ver de perto o concerto do Festival de Marrabenta, que já faz parte da agenda daquelas festividades. Trata-se de um evento organizado anualmente pelo Laboratório de Ideias em parceria com operadora de telefonia móvel Mcel.

Às  14:30 horas, os espectadores começavam a dirigir-se em frente ao palco, e escolher o melhor ângulo, para ver sem perturbações os seus artistas preferidos a actuarem. O concerto estava marcado para 15:30 horas, mas devido a questões técnicas  houve um atraso.

Quando eram 16:30 horas, subiram ao palco cerca de 10 homens, vestidos à  rigor, sapatos pretos e meias brancas, camisas brancas e casacos pretos. Para  chamar mais atenção usavam igualmente luvas brancas. Tratava-se de Makwayela de Marracuene, a quem foi incumbida a missão de iniciar a “festa”. Aquele grupo não mediu esforços, fez e bem, o seu show agradando deste modo a plateia.

De seguida entrou a banda Maningue Nice com uma actuação de cerca de 30 minutos, e fez delirar o público com os seus temas e danças.

Um outro momento alto do concerto registou-se às 20:00 horas com a subida ao palco de um dosícons da Marrabenta, Dilon Djindji.

O músico, que se auto-proclama pai da Marrabenta, interpretou os seus sucessos como Maria, Mana Angelina, Podina, entre outras. As pessoas ovacionaram a sua actuação, tendo o acompanhado do início até ao fim.

As bandas Real, Rádio Marrabenta, Memo, Pusulane, foram também outros grupos que participaram do concerto e animaram os espectadores.

O  LADO COMERCIAL DO  “GWAZA MUTHINI”

Se por um lado o “Gwaza Muthini” é uma data em que se evoca a resistência anti-colonial que opôs guerreiros comandados por Nwamatibyana, Zihlahla, Mahazule, Mulungu e Mavzaya ao exército colonial português, em 1895, por outro lado há quem o vê como sendo uma oportunidade de negócio.

A nossa Reportagem constatou que haviam diversas bancas de venda de produtos como tomate, cebola, cenoura, refrigerantes, bebidas alcoólicas, carnes assadas entre outros. Aliás, vendiam de tudo pois até roupa estava a venda.

Glória Tinga, residente de Marracuene, com quem conversamos, estava a vender frangos grelhados, carne de porco, worse, xima e bebidas. Ela disse que aquela era a sua primeira vez a vender naquele lugar, “porque uma amiga convidou-me e disse-me que havia negócio aqui. Mas até então não estou feliz, pois, ainda não vendi o que esperava”.

Outra vendedora que falou a nossa Reportagem é a jovem Lúcia Wiliam, de 20 anos de idade, que tem vendido com frequência naquele local. Lúcia referiu que já vendeu ali nos anos anteriores, no entanto no presente ano notou que o movimento não é o mesmo. “Estou aqui a vender Magumba (peixe). O movimento é diferente de outros anos. Vejo  que desta vez pouca gente está a comprar”.    

Texto de Maria de Lurdes Cossa

 

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