“A Arqueologia da Palavra e a Anatomia da Língua-Antologia Poética”é o título da antologia coordenada pelo jovem moçambicano Amosse Mucavele. Lançada recentemente em Maputo, a obra tem
284 páginas que contemplam escritos de vários poetas de países Língua Portuguesa.
A obra é o primeiro volume do projecto Esculpindo a Palavra com a língua, que junta poemas de escritores de países como Moçambique, Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Portugal, Brasil.
De acordo com Amosse, o livro não tenciona mostrar os melhores, muito menos os piores, mas sim, dar uma visão panorâmica da poesia produzida actualmente. Mostra igualmente a celebração da Literatura escrita na língua portuguesa em todos seus desdobramentos, suas transmigrações, em toda sua gestação, pulsação, profanação, fertilização, assim sendo, em todas as suas latitudes.
“Esta obra é uma radiografia da produção literária destes países ligados umbilicalmente pela palavra mágica, poderosa, tal como o mar a séculos navegado desde Camões até aos nossos tempos ou por outra, até ao cais deste nobre espaço de diálogo intercultural, de divulgação da Literatura moçambicana e lusófona, a revista Literatas”, disse Amosse.
O autor disse ainda que é possível encontrar poesias traduzidas do México, Espanha e Finlândia. “Essa expansão subversiva a outras fronteiras traz consigo a ideia da lusofonia como um espaço ilimitado que não se define somente pelos mapas de uma comunidade. Daí ter-se procurado cavar ao mais profundo degrau da criação poética até a exaustão e esculpir a palavra, esta mina que esconde a riqueza destes povos detentores da prodigiosa língua unida na sua diversidade cultural”.
Entretanto a antologia é desigual, considerando as experiências vividas pelos autores nela reunidos, assim como desiguais foram as circunstâncias históricas em que foram escritos os poemas e forjadas as literaturas nacionais. O Vanguardismo e o Experimentalismo estético, até mesmo a poesia visual, dividem espaço nesta antologia com expressões tradicionais e com um coloquialismo que, a um observador desavisado, poderia parecer influência do programático coloquialismo da Literatura cubana oficialista (sem que se faça aqui qualquer juízo de valor, qualquer crítica política a uns ou a outros).
Editada pela publicação moçambicana e lusófona de Literatura, Revista Literatas, a antologia foi organizada pelo poeta e director da Revista Literatas (Amosse Mucavele), teve ainda o patrocínio do Fundo para Desenvolvimento Artístico Cultural (FUNDAC).
Estão reunidos na antologia poetas como Mia Couto, Eduardo White, Mbate Pedro, Sangare Okapi, Mauro Brito, Adelino Timóteo, Luís Carlos Patraquim, Emmy Xyx (Moçambique), Luís Kandjimbo, João Maimona, João Melo, Victor Burity da Silva, José Luís Mendonça, Lopito Feijóo (Angola), José Luis Hopffer Almada, Danny Spínola, Vera Duarte, Mario Lúcio Sousa, Filinto Elisío (Cabo Verde), Conceição Lima ( São Tomé e Princípe), Frederico Matos Cabral ( Guiné-Bissau), Maria Teresa Horta, João Rasteiro, Maria João Cantinho, Jorge Melicías, Gisela Ramos Rosa ( Portugal), Affonso Romano de Santa’Anna, Cláudio Daniel, Micheliny Verunshk, Barbara Lia, Marcelo Ariel, Camila Vardarac, Edson Cruz ( Brasil), Yao Jingming, Carlos Marreiros, Alberto Estima de Oliveira, Rolando Chagas Alves (Macau) Alberte Moman, Miguel Alonso (Espanha), Victor Sosa (México) Rita Dahl (Finlândia) entre outros.
Amosse Mucavele nascido no ano de 1987, em Maputo, sonha em ser poeta ensaísta, antologista, tradutor, cronista. Actualmente é coordenador do projecto de divulgação literária esculpindo a palavra com a língua, chefe da redacção da Revista Literatas. Membro do Conselho editorial da revista Mallar-Mensagens-Brasil, Academia de letras de Teófilo Otoni-Minas Gerais, entre outros.