- Fátima Mendonça, em entrevista ao semanário domingo
É referência obrigatória na área de literatura. Professora aposentada da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo, publicou várias obras e leccionou, entre 1977 e 2010, as disciplinas de Literatura moçambicana, Literaturas africanas comparadas, Literaturas da África Austral, Literatura e outras artes, Retórica e Poética, História da crítica literária, entre outras.
Em entrevista ao domingo, fala da periodização literária e justifica os contornos que estiveram por detrás das fases por si propostas, numa das suas obras didácticas sobre literatura moçambicana. Expõe o seu ponto de vista sobre as produções literárias dos tempos actuais no país. Defende que “sem uma política cultural consistente e coerente por parte do Estado não haverá um desenvolvimento sustentável das indústrias culturais”, e aponta que “no caso da instituição literária, essa política tem de passar por uma real Política Nacional do Livro, por um Plano Nacional de Leitura e pelos curricula e programas de língua portuguesa nos diferentes graus de ensino.”
Uma das questões que vem sendo discutida na actualidade é “autonomia” da produção literária. Pode nos explicar o que tem suscitado inquietudes, especialmente quando se avalia a literatura africana e/ou moçambicana?
A produção literária integra-se numa cadeia de conexões que começa com os autores, se prolonga com os editores e termina na sua recepção pelo público leitor, crítica etc. Falar em autonomia relativamente a quem escreve implica uma reflexão sobre os limites (ideológicos, éticos ou outros) ou se quisermos auto-censura. Mas também implica uma reflexão sobre os variados constrangimentos externos que poderão rodear os autores. Há determinados temas do chamado politicamente correcto, imposto pelas próprias dinâmicas sociais e políticas, que muitas vezes se tornam dominantes e se impõem ao campo criativo. Quando se olha para a produção literária moçambicana deste ponto de vista, estas são Leia mais…
