Autores cujas obras são consideradas atemporais, devido à sua capacidade de transcender o tempo e o contexto, são aqueles que abordam temas universais tais como a condição humana, inspirando-se em valores que atravessam gerações. Shakespeare e Machado de Assis, cujas criações analisam a complexidade psicológica e a condição humana de forma universal, servem de exemplo quando se discute a atemporalidade das obras.
Para o caso do primeiro, as suas célebres peças “Hamlet” e “Romeu e Julieta” reflectem a essência do homem e sentimentos como o amor e o conflito. Já Machado de Assis analisa de forma profunda a condição humana, e as complexidades psicológicas presentes nas suas obras garantem a relevância e universalidade. A sua obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas” continua relevante, pois aborda tópicos que ultrapassam as balizas temporais, a título de exemplo, a crítica às instituições, às elites, entre outros.
E ao propormo-nos a abordar a estrutura temática das baladas musicais, estamos convencidos do seu carácter atemporal pelos temas que as compõem. É importante expor que, das tradicionais às mais modernas, elas contam histórias estruturadas em versos reiterados e ritmados, o que, por si, avança a intenção de fazer com que a mensagem seja interiorizada pelo destinatário, sendo por tal que a repetição e o trabalho poético ajudam a activar a função mnemónica.
Com efeito, em “Balada de Gisberta” da artista brasileira Maria Bethania, a repetição enfática reflecte e não deixa esquecer quão frustrante é a distância que separa o sujeito do sentimento mais nobre que existe entre os humanos: “…O amor é tão longe/O amor é tão longe/O amor é tão longe”. São versos carregados da função emotiva, que recai sobre os sentimentos do sujeito, e também da poética, isto é, estética, que abordam o amor, a saudade e ao mesmo tempo a ausência de valores que definem a humanidade. Leia mais…