Com as alterações climáticas que estão a ocorrer é de admitir a ocorrência de um “Tsunami” em Moçambique?
Primeiro, dizer que em Moçambique temos um centro de monitoramento de Tsunami, que está instalado aqui no INAM.
Era pertinente ter o Centro?
Sim, instalou-se o centro porque as réplicas dos sismos de maior magnitude que têm ocorrido na região da Ásia, mais concretamente na zona da Indonésia, em Sumatra, fazem-se sentir no Oceano Índico. A região Norte de Moçambique é a zona que muito provavelmente um dia poderá se ressentir desses efeitos.
O “Tsunami” não é, digamos, o efeito principal?
Sim, o “Tsunami” é um efeito secundário da ocorrência de um sismo depois de um “Tsunami”. Não sou especialista na área de “Tsunami”, mas sei que Moçambique foi escolhido para fazer o monitoramento desses fenómenos porque há probabilidade de ocorrência de “Tsunami”, principalmente nas zonas mais a Norte, como Cabo Delgado e Nampula.
Nós últimos meses assistimos a passagem pela zona do Pacífico de tempestades e ciclones. Será que estamos sujeitos a esses efeitos?
A previsão para esta época, na zona Sudeste da Bacia do Índico, é da ocorrência de sete a oito ciclones. A probabilidade de termos ciclones no Canal de Moçambique nesta época é de dois ou três. Em Moçambique ainda não tivemos um ciclone da categoria cinco, que é muito intenso. Já tivemos da categoria quatro, que fustigou Inhambane, refiro-me ao “Fávio”, e um outro que fustigou Nampula, creio que foi o “Jokwe”. Tivemos outros que causaram cheias na província de Gaza. Por exemplo, a depressão “Dandu” entrou pelo Rio Limpopo e ganhou força quando entrou no continente, que veio a causar muita chuva na região do “Kruguer Park”, na África do Sul. Pelo facto de Moçambique estar a jusante, a intensa chuva que se fez sentir na África do Sul resultou em cheias e destruição em Gaza.
