Porque o ambiente que assistimos em Pangane se revelou de todo fora do comum, procuramos saber se existe uma escola por ali. De facto existe uma escola primária, mas só tem duas salas de aulas.
Mas, como todo o resto desta localidade, os alunos só estão autorizados a ir assistir às aulas depois de regressarem da Madrassa. Como resultado disso, o professor é que espera pelos alunos que só comparecem por volta das nove horas e à conta-gotas.
Conforme testemunhámos naquela manhã de tumultos, a escola parecia abandonada e a manhã já ia a meio. Quisemos saber para onde tinham ido as crianças e a resposta foi simples. “Estão na Madrassa. Aqui as crianças estão proibidas de chegar atrasadas à mesquita. São vivamente repreendidas. Mas, para a escola podem não ir”, disse um técnico que trabalha para o sector pesqueiro.
Com efeito, durante a nossa estada em Pangane, procuramos ouvir os jovens locais sobre o seu dia-a-dia, mas o principal constrangimento foi a língua. Poucos falam a língua oficial, o português. Até mesmo para responder a um simples “tudo bem?”.
Dados em nosso poder indicam que aquelas duas salas de aulas foram erguidas depois de intensos debates. Aliás, as autoridades locais quiseram que fosse implantada uma escola maior para ampliar o acesso das crianças mas, por causa dos coqueiros, a iniciativa foi transferida para a localidade de Tarumba, que é mais moderada e aberta e menos radical.