Mariazinha Niquisse é professora, que entre 1984/86 formou-se no Centro de Formação de Professores Primários de Chimoio, província de Manica, hoje conhecido por Santo António, depois de a Igreja Católica reaver as instalações.
Era a primeira vez que Mariazinha ia viver para a capital provincial. Vinha de Báruè, onde cresceu e passou toda a sua vida estudantil, tendo nascido, porém, no distrito de Guro, limite com Tete, mais
precisamente em Mungari.
Já professora, Mariazinha é colocada na escola primária Amílcar Cabral, na cidade de Chimoio, onde viria a iniciar-se entre os anos 1987 a 1989, provando que se tratava duma profissional, que seria uma mais-valia no Sistema Nacional de Educação.
Entre 1989/91 fui promovida a Adjunta-pedagógica, já na escola primária “ Bloco 9” anexa ao Centro de Formação de Professores, onde me tinha formado. Essa escola servia fundamentalmente como local do primeiro contacto entre os professores em formação e os alunos, onde os futuros professores buscavam a prática do que teoricamente aprendiam explica a nossa entrevistada.
De 1992/97, Mariazinha Niquisse é transferida da cidade de Chimoio para ir assumir as funções de directora da Escola Primária 25 de Junho, em Bandula, posto administrativo de Messica, distrito de Manica.
A directora voltaria para a cidade de Chimoio porque se achava necessária para dirigir a Escola Josina Machel, onde fez pouco tempo, depois do que foi a um curso de formação, em Portugal, no âmbito dos países africanos falantes da língua portuguesa.
Ainda estava ligada à sua profissão.
Quando a Educação introduz o sector do Género nas direccoes provinciais, Mariazinha Niquisse foi coordenar, isso em cerca de três anos, antes de entrar em mais uma experiência.
O mais sério desafio viria ser a sua nomeação para directora distrital de Educação, cargo que exerceria
entre 92/97, num distrito que, a par de Macossa, era na altura tido como dos mais carentes da província de Manica, Machaze.
A então directora distrital volta à sua memória para buscar o período 2002/6 e de lá retirar o grande entrave ao desenvolvimento de Machaze. Diz que era sobretudo por falta de água, dado que o lençol freático na região era quase inatingível.
“ Houve muitas tentativas de construir furos e poços, mas que redundaram num fracasso, isso a par de outros problemas que aumentavam a indigência das populações, incluindo vias e meios de comunicação. Para falarmos com Chimoio, por causa do serviço ou para atender questões familiares, tínhamos a Rádio de Comunicação da Secretaria da administração distrital. Imagine o que é todos os funcionários dependerem dessa única saída” recorda-se.
Quis dar aulas enquanto administradora!
Em 2007, a nossa entrevistada é nomeada administradora do distrito de Sussundenga, altura em que, devido às facilidades relativas que se assistiam com o desenvolvimento do país, pensou em prosseguir com os seus estudos, mesmo à distância, tendo-se matriculado na Universidade Católica e em 2013 concluiu o grau de licenciatura em História Política.
Entretanto, o “bicho” de ensino não lhe fugia, a tal ponto que tentei dar aulas enquanto administradora do distrito. Foi uma coisa de pouco tempo, descobri que os afazeres não me deixavam fazer o que melhor sei fazer. Quase que cairia no ridículo, visto que as minhas ausências poderiam prejudicar os alunos.
Mariazinha Niquisse passou a significar Sussundenga, pela maneira como se entregou e conforme as crónicas que vinham daquele distrito meridional de Manica. Na verdade, ela administrou aquele território ininterruptamente, durante 8 anos, até que, por concurso com os seus camaradas, a 16 de Maio de 2015, consegue a eleição para dirigir a Frelimo ao seu alto nível na província de Manica.
Nunca estive fora da direccao politica, desde adolescente, na OJM. Eu era delegada de Manica, naquela histórica conferência nacional, dirigida pelo saudoso presidente Samora Machel. Depois sai prematuramente da OJM, porque tive filho relativamente cedo, antes de atingir a idade de me divorciar da Organização. Por isso, antes de completar 35 anos que os estatutos dão como limite, ingressei na OMM.
Vou continuar Mariazinha … um nome que atrai a todos!
Mãe de duas filhas, sem contar com um que perdeu, Mariazinha diz que se sente muito bem vestindo uma pequena Maria nas costas, apesar de se tratar de uma mulher duma idade respeitável. Brincamos com ela, perguntando se não crescia:
Vou continuar Mariazinha, é um nome bonito, que atrai a todos. Quem não gostaria de ficar ao lado da tia de Jesus? E toda a gente quando ouve esse nome sente-se puxada, não é?
As duas filhas de Mariazinha Niquisse ficaram cedo contaminadas pelo vírus do professorado.
Uma está a dar aulas de francês em Inhambane e a outra é professora de Psicologia, precisamente no distrito onde a mãe ficou
muito tempo a trabalhar como administradora, Sussundenga.
A nossa entrevistada foi eleita no dia 12 de Fevereiro corrente para o cargo de secretária-geral da OMM com um total de 167 votos validamente expressos, dos 192 votantes, depois da desistência de Elcina Marindze que deu voto de confiança à candidata eleita.
A eleição de Mariazinha Niquisse foi um dos momentos sublimes dos trabalhos do já referido congresso. Ela substitui Maria de
Fátima Pelembe que dirigiu a organização nos últimos dois anos e meio, que entretanto acumulava com as funções governamentais de vice-ministra dos Combatentes.
Vai dirigir um órgão executivo no qual pontificam os nomes de Virgília Matabele, secretária do Conselho Fiscal, onde também se
inclui Modesta Daniel, Rosel Salomão e Regina Macuácua e Fátima Madeira, estas últimas ligadas directamente ao secretariado.
Mariazinha Niquisse desempenhava as funções de primeira – secretária do comité provincial da Frelimo em Manica, cargo que
vai deixar para se dedicar exclusivamente a OMM.
O mesmo congresso proclamou Isaura Nyusi presidente da OMM e Marcelina Chissano, Maria da Luz Guebuza, esposas de antigos chefes de Estado sobrevivos, como presidentes honorárias.