Na sentença do julgamento mais badalado dos últimos tempos houve batucadas, latadas, “mikulunguanas”, dísticos, palavras de ordem, transmissões em directo para TV e para Rádio, tudo isto feito pelas mesmas pessoas que todos os dias atacam o judiciário, acusando-o de parcialidade e de estar capturado pelo poder do dia.
Não se percebe como é que uma sentença pode mudar a opinião de uns e outros, se calhar pode-se chegar a melhor entendimento seguindo o adágio popular cada cabeça a sua sentença.
Os jurados quase que foram endeusados, porque a sentença foi a favor dos réus, fosse o contrário, nesta altura, o discurso seria outro.
Bula Bulanão quer aqui avaliar os méritos e deméritos da sentença, mais sim trazer algumas curiosidades à volta da mesma. À entrada da sala, com as batucadas a ouvirem-se à distância e os dísticos perfilados juntos aos frangos do Takdir, nos encamisetados à maneira e gente de peso, já era visível a indisfarçável satisfação, com abraços à mistura, que até pareciam adivinhar o veredicto. Um amigo do Bula Bula disse “até parece que foram ao “inhamurro”, o grande adivinho, para a adivinhação do veredicto”
Entre os graúdos havia ali muitos estrangeiros, representando ou não chancelarias, que também não conseguiam disfarçar a sua satisfação, o que levou o mesmo amigo do Bula Bulaa dizer de forma satírica:“eles só vieram aqui. Por que não vão ali também ao tribunal do meu distrito ver casos malparados de roubos de patos e quejandos? É que nós também somos moçambicanos. Precisamos do apoio deles”.
Outra curiosidade, é ver quem conseguiu lugar na pequena sala de audiência para ouvir a leitura da sentença e quem esteve cá fora a tocar batucadas, latadas e a levantar dísticos. Sobre isto, o amigo do Bula Buladisse o seguinte: “uns estão na sombra com ar condicionado e outros debaixo do sol a transpirar”.
Outra ainda: apesar do vigor (com algum nervosismo, é claro) demonstrado na sessão da acusação, há cerca de duas semanas, depois da leitura da sentença, a representante do MP se eclipsou completamente, mostrando um conformismo, no mínimo, surpreendente. Não falou de nenhuma intenção de recorrer da sentença, nem nada, o que levou o mesmo amigo do Bula Bulaa comentar do seguinte modo: “o nosso país é espectacular, uns levam à medida grande por pouco…outros insultam e são mandados para casa…”.
Bem, são páginas da nossa história…
