Semana passada foi notícia nas redes sociais e depois noutros meios de comunicação a suspensão de um agente da polícia filmado a extorquir dinheiro a um automobilista. Não porque as cobranças a condutores por parte de agentes da Polícia de Trânsito (PT) fossem novidade em si, mas são tão estranhas pela forma algo normal como os polícias exigem “estas gorjetas”, “estes refrescos” “nas emboscadas” que fazem na via pública.
Neste último caso, o agente foi filmado a extorquir dinheiro a um automobilista, na Avenida 25 de Setembro, na baixa da cidade de Maputo e o vídeo circulou nas redes sociais, tendo depois sido identificado e suspenso da corporação.
Mas este não é o único caso. Quase em todos os controles montados pela Polícia de Trânsito há saguates e pagamentos de refrescos. Os polícias até dão-se ao direito de emboscarem os automobilistas, posicionando-se em locais pouco visíveis ou mesmo atrás das árvores. Ao mínimo deslize, zás! Lá se foram os meticais ou levas uma multa.
A par das multas que são aplicadas por causa das contravenções, não há nenhum trabalho de educação cívica dos condutores por parte da Polícia. Não abordam os automobilistas para lhes explicarem, em determinadas situações, como deviam ter procedidos, mas sim vão logo com aquela arrogância dos costumes, abanando livros de multas. Pisou a linha e levas, mesmo que não saibas por que estás levando, mesmo tendo em conta a leveza da transgressão.
Um dos sítios onde a Polícia de Trânsito (e também a Polícia de Proteção) monta emboscadas atrás das árvores é na Avenida Samora Machel, em frente à casa de Ferro para quem desce para a zona mais baixa da Cidade de Maputo. Ali, todos os incautos que vêm da Avenida Zedequias Manganhela, zona dos Correios de Moçambique, e atravessam a linha contínua entrando na Samora Machel, levam pela “medida grande”.
Bula Bulanão sabe se há ali um posto de controlo. O que sabe é que há ali cobranças de todo o tamanho. No dia em que alguém se recordar de levar uma câmara de filmar e montar ali, mais polícias vão ser suspensos.
Outro canto das emboscadas atrás das árvores é no cruzamento entre a Karl Marx e a 24 de Julho, isto par quem desce. Ali também pode se ver no meio da manha ou no princípio da tarde dois, três polícias atrás das acácias, mandado parar carros por tudo e por nada.
Ao longo do país há muito e mais disto. Bula Bulapodia contar uma série de casos destes: Cobra-se a valer. Cobra-se abertamente. O esquema está no sangue. É o modus operandi dos agentes que já está no sangue. Pode-se suspender um e outro. Pode se correr com um e outro…mas aquilo preciso de medidas mais arrojadas para se acabar com este tipo de atitudes que não dignificam a corporação.
Estas atitudes, é claro, ganham campo, porque também o automobilista desrespeita grosseiramente o código de estrada e é apanhado com a “mão na massa”. E quando é assim, ele também tem propensão para corromper, pois, muitas vezes, não percebe nada do código de estrada, então encontra no suborno uma alternativa (?!) para se safar da autoridade.