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À beira de nenhuma estrada…

Por admin

Bula bula pediu emprestado (kikikiki sem autorização expressa do autor!) o título ao prodigioso Mia Couto, um dos nossos mais produtivos escritores. E não foi à toa não… é que ali nas entranhas do Bairro de Kongolote, no Município da Matola, em Maputo, há uma “nenhuma” estrada em obras… parece complicado mas não é… mas simplificando, há pessoas que vivem à beira de nenhuma estrada!

O facto é que há uns tempos, cantou-se aos quatro ventos que seria construída uma estrada que ligaria a Av. de Kongolote com a Estrada Nacional Número 1, criando-se uma via alternativa que, por portas e travessas, iria aliviar, de alguma maneira, o vuku-vuku que se vive no Benfica. Com a referida via, de uns míseros dois quilómetros, por exemplo, quem quisesse ir para Marracuene já não precisaria de ir até ao Benfica e depois seguir para o norte. De Kongolote iria dar directamente a Mulombela e dali zás… mas a via iria também ajudar a descomprimir o entroncamento de Zona Verde… bem… não há dúvidas de que seria uma estrada com bastante movimento!

Bula bula reconhece que o Município da Matola está realmente empenhado em melhorar as vias de circulação daquela circunscrição. Até fez coisas boas, mas como sói dizer-se “no melhor pano, cai a nódoa”  e a nódoa está ali…

Os trabalhos começaram há alguns meses mas, estranhamente, depois de uns tantos metrinhos de parquet tudo parou. Pior, a rua está encerrada há meses para as tais “obras”…

A história fez vir ao de cima a diabrura de um outro dirigente que, do alto da sua residência de 4 pisos, dizia todo orgulhoso para um visitante de outras latitudes, apontando para uma estrada poeirenta que se perdia no horizonte: “esta casa foi construída com fundos daquela estrada.” E o visitante, forçando avista questionou incrédulo: “mas eu não vejo estrada nenhuma. Só uma picada”. E o nosso amigo – todo cheio de bazófia – retorquiu: “Mas é exactamente isso… a estrada que devia estar ali foi convertida nesta mansão.”

Brincadeiras à parte, causa uma certa confusão ver aquele amontoado de pedras, areia e algum parquet ali despejado e já sendo surripiado por alguns circunstantes que descobriram ali uma “mina” para melhorarem os seu quintais.

Bula bulaacredita que o Município – o dono da obra – devia agigantar-se sobre o empreiteiro e admoestá-lo a cumprir com o seu compromisso. Naquela rua vivem pessoas que têm carros e não podem circular livremente porque foram colocados montes de areia e pedra para a tal obra que tarda em terminar… aliás, nem se sabe se vai terminar, porque há meses que os gatos pingados que por ali andavam sumiram.

Os habitantes dizem que a culpa de tudo é um tal malandro chamado dívida pública e já se organizaram alguns grupos para darem caça ao tal bicho. O único senão é que ninguém sabe onde está escondido. Bula bulatambém está curioso em saber onde é que a tal da dívida entra numa obra que, quando arrancou, dizia-se a plenos pulmões que já tinha os fundos garantidos!

 

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