Um suíço poliglota, um francês que nem a França apoiava e dois árabes de sangue real estavam na corrida à cadeira de presidente.
Eram quatro candidatos para uma cadeira – a de presidente da FIFA.
Após uma longa série de escândalos que abalou o organismo máximo do futebol mundial, é caso para dizer que a maior tarefa do novo Presidente da FIFA é devolver a credibilidade ao jogo.
Gianni Infantino, suíço, 45 anos, é o nono presidente eleito do organismo e é caso para dizer que, mais do que nunca, o futebol precisa de um número 9 que marque golos contra a corrupção e tudo o mais que nos últimos anos abalou a fé dos adeptos e espoletou uma fuga de patrocinadores.
Foi a mais concorrida eleição de sempre e havia candidatos para todos os gostos. Um francês com nome de espumante mas que nem a própria França apoiava (Jérôme Champagne), um suíço que, como quase todos, fala meia dúzia de línguas (Gianni Infantino) e dois árabes de famílias reais, um príncipe jordano que há um ano fez frente a Blatter depois de Luís Figo desistir (Ali Bin al Hussein, da Jordânia) e o actual presidente da confederação asiática (Salman Bin Khalifa al Ebrahim, do Bahrain).
O GRANDE
DERROTADO
Foi Salman Bin Khalifa, do Bahrain. Na contagem das espingardas estava também na grelha da frente. Infantino sabe que o organismo corre risco de morte se não se transformar num 9 à moda antiga que marque golos contra a corrupção.
Príncipe Ali Bin Al Hussein
39 anos
Jordânia
Reformista, levou Blatter à segunda volta na eleição de Maio de 2015.
Tokyo Sexwale
62 anos
África do Sul
Membro do comité anti-racismo, preso durante 13 anos em Robben Island durante o apartheid.
Jerome Champagne
57 anos
Antigo adjunto de Blatter na FIFA, que não conseguiu as nomeações necessárias em Maio.
Sheikh Salman
in Ebrahim Al Khalifa
49 anos
Bahrain
Amplo apoio na Ásia, mas criticado pelo seu historial de direitos humanos.
Os oito ex-líderes da FIFA
Robert Guérin
França
2 anos
Era jornalista do “Le Matin” e foi um dos fundadores da FIFA, numa reunião em Paris, a 22 de Maio de 1904, com a presença de sete federações: França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Suécia, Suíça e Espanha. Durante os dois curtos anos da sua presidência, mais oito federações nacionais juntaram-se à organização, entre as quais a de Inglaterra.
Daniel Burley Woolfall
Inglaterra
12 anos
Foi um grande impulsionador da modernização do futebol, a uniformização das leis de jogo e a sua aplicação a nível internacional. Com ele surge o primeiro torneio, nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908. Sob a sua presidência juntam-se à FIFA os primeiros países não europeus: África do Sul, Argentina, Chile e Estados Unidos.
Jules Rimet
França
33 anos
Foi o homem que mais tempo serviu como presidente da FIFA – 33 anos. Com ele nasceu o campeonato do mundo, cuja primeira edição teve lugar no Uruguai em 1930, registando-se um aumento de federações filiadas. Eram 12 quando assumiu a presidência (com uma cissão de alguns anos das quatro federações britânicas) e passaram a 85 quando deixou o cargo, em 1942.
Rodolphe Seeldrayers
Bélgica
1 ano
Uma doença impediu-o de servir mais do que um ano na FIFA. Destacou-se como um multifacetado dirigente, tendo tido responsabilidades em áreas tão diversas como o atletismo, golfe, hóquei em campo ou criquete.
Arthur Drewry
Inglaterra
6 anos
Tornou-se no primeiro presidente escolhido numa eleição com dois candidatos. Derrotou o francês Larfarge por 38 votos contra 16, no 30º Congresso da FIFA, realizado a 25 de Março de 1961.
Stanley Rous
Inglaterra
13 anos
Foi o primeiro presidente da FIFA a envolver-se em polémicas, especialmente pelas suas simpatias políticas pelo regime do apartheid da África do Sul. Sob a sua presidência a Inglaterra organizou e venceu, também polémico, o Mundial de 1966.
João Havelange
Brasil
24 anos
Aproveitou da melhor forma a contestação de África, Américas e Ásia às políticas de Rous e foi eleito à segunda volta no 36º Congresso da FIFA, tornando-se no primeiro não europeu a presidir à instituição. Com ele, o Campeonato do Mundo passou de 16 para 32 finalistas e chegaram os primeiros grandes patrocínios. Já depois de deixar a presidência ficou envolvido no escândalo da ISL.
Joseph Blatter
Suíça
17 anos
Foi secretário-geral sob a presidência de Havelange e eleito presidente em Paris, em 1998,derrotando o favorito, o sueco Lennart Johansson, então presidente da UEFA. Com mais ou menos contestação foi prolongado a sua presidência até ao ponto em que, acusado pela Justiça dos Estados Unidos e da própria Suíça natal, foi banido do futebol.
FIFA WORLD FOOTBALL MUSEUM
No passado dia 28, a FIFA abriu as portas do seu mais recente projecto: O Museu Mundial de Futebol da FIFA. A ideia era glorificar o legado de Blatter, mas a realidade – escândalos de corrupção – sobrepôs-se ao sonho. Ficou “apenas” um museu.
Dois dias depois de o máximo organismo do futebol eleger o 9º presidente da sua história, foi inaugurado o Museu do Futebol da FIFA, em Zurique, um sonho que começou em Maio de 2014 e, menos de dois anos, tornou-se realidade.
O maior escândalo de corrupção em que se viu envolvida aquela instituição não impediu que o programa saísse do trilho. Antes pelo contrário. É que o museu pretendia ser um legado dos seis anos de mandato de Joseph Blatter na presidência da FIFA. Só que, entretanto, o suíço anunciou a sua saída para Junho e as obras foram aceleradas para que o líder pudesse inaugurar o espaço no final do mês passado, antes das novas eleições. A pressa de pouco lhe valeu, pois Blatter acabou por ser suspenso por oito anos e nem sequer compareceu na abertura das portas.
Alheias aos escândalos em torno do organismo, esta infra-estrutura, com três mil metros quadrados distribuídos por três andares, mostra apenas o lado bom do futebol e promete ser o grande monumento dedicado à modalidade. Ali, podem ser contemplados mais de mil objectos relacionados com o jogo, contando com mais de 60 ecrãs gigantes, nos quais são projectadas imagens dos grandes momentos e das figuras do desporto-rei. Uma das grandes atracções será o troféu original dos Mundiais.
ESPAÇOS DE LAZER
Mas o local não respirará apenas história. Os visitantes têm à disposição um bar dedicado ao mundo do futebol, um restaurante, uma cafetaria, uma loja e uma biblioteca com mais de 4 mil obras relacionadas com a modalidade. Por outro lado, os andares superiores do edifício, que fica situado no centro de Zurique, estão destinados a escritórios e a habitações privadas (34 no total). Será, certamente, mais um ponto turístico naquela cidade helvética.
E EM PORMENOR
Voltando à área da exposição, logo à entrada, mo piso 0, que será apelidado de “Planet Football”, estará exibido um arco-íris feito com as camisolas de todos os membros da FIFA.
Ainda neste sector, os visitantes têm acesso à “timeline” dos eventos que fizeram a história deste desporto e da própria FIFA, constituída desde 1904. Na cave do Museu do Futebol mundial ficará tudo o que diz respeito aos Campeonatos do Mundo, numa história contada através de uma valiosa colecção de objectos e fotografias, alguns muito pouco conhecidos. Este piso contará ainda com um cinema que permite uma visão de 180º graus aos espectadores e que lhes vai conceder uma experiência audiovisual inaudita do futebol.
Finalmente, o último piso do Museu (1º andar do edifício) tem o nome de “Fields of Play” e pretende mostrar a influência do desporto-rei nas pessoas, nas artes e na cultura mundiais. Aqui fica também a zona de divertimento, com jogos de computador e a que se espera ser a grande atracção: uma máquina de “flippers” gigante.
Em tempo de crise, nada como animar os adeptos.
OS NÚMEROS
128 milhões foi o custo aproximado do museu, que começou a ser construído em 2014
4mil livros históricos e textos oriundos dos arquivos da FIFA estão em exposição
500 Vídeos sobre todas as associações membro da FIFA e de todos os Mundiais desde o primeiro, em 1930
1480é a quantidade de fotografias expostas, incluindo do início do século 20
300mil visitantes são esperados por ano. É, pelo menos, a estimativa da FIFA
