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Estamos a criar bases para atacar resultados

Por admin

A Federação Moçambicana de futebol (FMF) anunciou a contratação de dois novos treinadores para as selecções nacionais Sub-20 e Sub-17, nomeadamente Arnaldo Ouana e Nasser Carrimo (Nelinho), ambos com larga carreira vestindo a camisola dos “Mambas”.

Alberto Simango Jr., presidente da FMF, diz que a contratação dos técnicos enquadra-se na restruturação administrativa e técnica em marcha.

Quase seis meses depois de assumir a direcção da FMF, Alberto Simango Jr. começa a anunciar novos rostos e maneiras de estar na FMF. Primeiro contratou Abel Xavier para orientar os “Mambas”, agora foi buscar Nelinho e Arnaldo Ouana.

De permeio, viu em Assembleia Geral ordinária serem aprovados, por unanimidade, todos documentos submetidos à apreciação dos presidentes das associações provinciais, incluindo novas taxas e senhas de presença dos membros de direcção.

E é justamente por aí que iniciamos a entrevista com o timoneiro da FMF, considerando o sururu público gerado pela criação de condições de trabalho aos membros de direcção da FMF.

Sr. presidente, viajou ao Congresso da FIFA, em Zurique, e voltou-se a reclamar de ajudas de custo dos membros de direcção da FMF. O que tem a dizer sobre as polémicas que se levantam envolta dos 500 dólares diários que teve direito, considerando os valores aprovados em Assembleia Geral?

Quando estás a construir uma casa tens de ter confiança e acreditar no que estás a fazer. Estamos a estruturar a federação, que é uma instituição. Os pressupostos duma instituição são regras e nós estamos a criar regras de funcionamento da federação. Não estamos a dizer que não encontramos regras, mas que estamos a criar regras dentro daquilo que nós pensamos. As polémicas foram criadas fora do contexto do que estamos a dizer. Foram criadas por pessoas que tem suas intenções, que querem desviar as atenções daquilo que é o mais importante: esta federação está preocupada e empenhada em realizar o seu projecto, que é fazer com que o futebol moçambicano ganhe o seu espaço, recupere o seu prestígio e lute pelos melhores resultados. Se eu pudesse, as condições de trabalho dos funcionários e dirigentes da federação seriam muito melhores das actuais.

Qual é a finalidade das reformas em curso?

Nós queremos que o futebol seja credível para poder beneficiar dos apoios e poder desenvolver-se. Para isso estamos a organizar a federação a nível administrativo e técnico. Tudo isso fazemos de forma clara, se alguém diz que houve polémica, não esteve na sala, a assembleia esteve aberta a todos e até foi transmitida em directo. Todos documentos foram aprovados por unanimidade, a polémica que se diz é algo que alguém pinta porque está interessado nisso, não nos vamos desviar por isso, estamos concentrados em levar a cabo o nosso projecto para engrandecer o nosso futebol.

Confirma mudanças na Comissão Nacional de Árbitros?

Fizemos uma reflexão muito profunda e decidimos indicar uma nova comissão para a CNAF, constituída por José Ferreira Garrincha e Acácio Víctor. A nossa federação precisa não apenas de gente nova, mas também de métodos novos de sua gestão, e nós optamos pela comissão que nomeamos e acreditamos que vai revolucionar a arbitragem nacional, reunimos com eles e dissemos qual é a nossa visão, o que queremos ver a acontecer.

E o que querem que aconteça?

O arbitro tem que apitar o jogo, tem de se preocupar em apitar o jogo do que por outros interesses. Primeiro dissemos que não vemos erro nenhum em um árbitro duma determinada província apitar jogo dessa mesma província no campeonato nacional. O árbitro é um profissional. É igual ao enfermeiro. Quando um enfermeiro tem um filho em casa é o primeiro a cuidar do seu próprio filho, porque é um profissional, não tem motivos de dar mal a injeção porque está a tratar de filho dele ou familiar. O que queremos é que a arbitragem nacional se torne profissional, neutra e isenta, e se eles aplicarem com rigor as leis do jogo, não há suspeitas de que beneficiaram este ou aquele, queremos construir uma nova mentalidade nos árbitros para que possam voltar a ocupar o seu lugar de prestígio, porque a arbitragem é um lugar de prestígio, é um sector prestigiante, não o contrário.

Qual é o próximo alvo da reestruturação em curso?

Próxima prioridade é o futebol de praia. No futebol feminino já estamos organizados. Também pretendemos encontrar alguém que se vai responsabilizar pela comissão do futsal. Neste momento a direcção está a assumir o futsal e felizmente o trabalho está num bom caminho.

Moçambique falhou o único jogo de preparação antes de viajar para o Gana. Afinal o que aconteceu?

Lamentavelmente. Tínhamos feito de tudo para dar ao seleccionador nacional um jogo de preparação antes de enfrentar o Gana. A conversa com a federação do Zimbabwe começou em Dezembro, eles também tiveram um período eleitoral, o meu colega de Zimbabwe também é novo, como eu, e decidimos que íamos realizar um jogo. Em Zurique, no Congresso da FIFA, voltamos a falar e tudo indicava que o jogo iria acontecer. Por questões de ultima hora que ele enfrentou apresentou dificuldades de o Zimbabwe vir jogar. Nós estávamos predispostos a trazer o Zimbabwe, pagar as passagens, hospedá-los e alimentá-los, mas isso não se concretizou porque houve dificuldades da parte deles.

Também houve falhas de comunicação com os clubes nacionais que não entregaram os jogadores. Como explica que apenas dez jogadores tenham se apresentado aos treinos?

Fizemos um estudo do tempo e do espaço e notamos que aquela semana estava aberta para o seleccionador começar a ter uma relação com os jogadores e estes com o técnico. Era necessário os jogadores conhecerem os métodos de treino e de trabalho e decidimos fazer o estágio e realizar um jogo, falamos com os clubes. Surpreendentemente alguns clubes depois manifestaram indisponibilidade de ceder os jogadores para os treinos, o que nós lamentamos, mas para todos efeitos endereço uma palavra de apreço a todos clubes, os que dispensaram os atletas e os que não puderam. O que queremos é construir uma selecção nacional que nos represente condignamente no jogo com o Gana e queríamos que os jogadores não conhecessem o treinador na véspera do jogo.

FIFA aprovou limitação de mandatos

A Federação Internacional de Futebol Amador (FIFA) aprovou em Zurique, durante o último congresso, novos estatutos que impõem o limite de mandatos ao presidente do organismo.

A partir de agora, o presidente da FIFA só poderá exercer o cargo durante um máximo de três mandatos de quatro anos cada. Segundo Alberto Simango Jr., a medida foi aprovada por maioria dos 209 países integrantes da organização planetária.

O Presidente da FMF referiu que não obstante o apoio que África, através da CAF, depositava ao derrotado Sheikh Salman in Ebrahim Al Khalifa, saudou efusivamente o novo presidente Gianni Infantino, proclamado vencedor num processo democrático.

“Gianni Infantino vai cumprir um mandato de três anos e meio porque vai continuar um período de quatro anos iniciado por Joseph Blatter”, anotou.

Instado a pronunciar-se sobre a sua primeira participação no Congresso da FIFA, o presidente da FMF indicou que “ foi bastante positivo, não passamos despercebidos, fomos acarinhados por vários colegas de todo mundo, e de África, em particular, sentimo-nos bem acarinhados e aceites na família do futebol como novos dirigentes duma federação”.

Não contratamos treinadores

apenas para empregá-los

Ao anunciar os nomes de Arnaldo Ouana e Nelinho para assumirem as selecções nacionais Sub-20 e Sub-17, respectivamente, Alberto Simango Jr. tratou de aclarar que aqueles foram contratados para acrescentar valor e não propriamente para acomodá-los.

– Decidimos não renovar contratos com alguns treinadores das camadas de formação porque entendemos que a federação não deve limitar-se a dar emprego aos treinadores, deve convidar treinadores que possam querer abraçar o projecto e darem propostas daquilo que podem oferecer quando forem convidados a liderar uma selecção de qualquer escalão. Essa é a nossa filosofia de pensamento.

Referiu que foram entrevistados alguns técnicos porque felizmente o país tem vários formados pela FMF com qualidades e competências para poderem liderar as selecções nacionais e não só.

“Os técnicos escolhidos estão preparados para realizar um trabalho dignificante que possa orgulhar o nosso futebol e o nosso país”, disse o presidente da FMF.

Estou preparado

– Nelinho, treinador dos Sub-17

“É um orgulho ser seleccionador nacional. Acredito nas minhas capacidades, na forma como tenho trabalhado nas camadas de formação e acredito que vou ser responsável pela subida de muitos jovens à selecção principal.

Encontrei na federação um projecto credível, sério, é um novo desafio. Como jogador sempre gostei de desafios e é isso que vou transmitir aos jovens. Prometo muito trabalho”.

A selecção Sub-17 vai disputar este ano as eliminatórias de qualificação ao CAN da categoria agendado para próximo ano em Madagáscar, devendo realizar a primeira eliminatória em Agosto próximo com o vencedor da eliminatória entre Comores e Zimbabwe.

Quero vencer

– Arnaldo Honwana

“Treinar uma selecção nacional não é tarefa fácil, mas com muita dedicação e sacrifício, vamos ultrapassar os obstáculos que surgirem. Como treinador sou muito ambicioso e quando jogador sempre quis ganhar, mesmo a brincar. Não sei o que é entrar em campo para brincar,

Prometo muito trabalho e transmitir aos mais novos tudo o que aprendi como jogador e como homem. Todos temos que nos sentir em casa e criar inveja para quem não está cá.

Temos um conjunto de jogadores que vem trabalhando desde a época passada. Vamos começar a trabalhar dentro de dias porque o nosso jogo com Maurícias está muito próximo. Queremos formar uma equipa ambiciosa”.

A selecção Sub-20 entra em campo já no próximo dia 2 de Abril frente as Maurícias para as eliminatórias de apuramento ao CAN da categoria agendado para próximo ano na Zâmbia

Benfica de Lisboa

interessado no BEBEC

Depois de participar no Congresso da FIFA, em Zurique, Suíça, Alberto Simango Jr. rumou a Lisboa, Portugal, onde manteve encontros de trabalho com dirigentes da federação daquele país e do Benfica.

Com a direcção da federação portuguesa de futebol, ficou acordado um princípio de acordo para uma parceria nas áreas de formação de técnicos administrativos e arbitragem.

 “Precisamos de reforçar a nossa cooperação internacional Em Portugal reunimos com o presidente e vice-presidente da federação. Num futuro próximo vamos assinar um Memorando de Entendimento na área de formação de quadros, ao nível administrativo e no sector da arbitragem”, explicou o presidente da FMF.

Também manteve encontro com a direcção do Benfica com o propósito de estabelecer uma parceria para formação de jogadores na Academia Mário Esteves Coluna.

No entanto, segundo o dirigente, o que mais aproximou as duas partes foi o projecto BEBEC, uma ideia antiga do Benfica que não se concretizava por falta de parceiro.

“Estamos a desenhar um projecto grande que vai consistir na reformulação do projecto BEBEC, nós temos que fazer a nossa parte como moçambicanos, falar com a comissão que organiza o torneio, e aproximarmo-nos também ao nosso Governo para ver se podemos nos unir ao Benfica e trazer a marca Benfica para engrandecer o projecto, para que o BEBEC possa ter mais visibilidade, mais capacidade e financiamento”.

Comentou que o Benfica está disponível para trazer a Moçambique a sua própria equipa de futebol para apoiar as actividades da FMF. “Pensamos de mais parceiros para realizar o nosso projecto de inovar, acreditar e dar qualidade ao nosso futebol”.

Custódio Mugabe
custódio.mugabe@yahoo.com.br

 

 

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