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Como levar bolas ao Sabe?

Por admin

Os meus amigos desportistas de Morrumbala já me estão a incomodar. Ligam-me todos os dias querendo saber quando irei passar as férias disciplinares. Na verdade, o período habitual das minhas férias já passou, o que os faz desconfiar que este ano para lá não irei. Engano deles.

O que acontece é que no meio de tanta incerteza há bolas que precisam chegar a um destino. As férias escolares batem à porta e bolas de futebol precisam-se.

No momento, as perguntas que soam no ar são: “Quando é que chega (Manuel Meque)? Já não temos bolas. Os nossos campos estão limpos à espera de bolas”. É a canção que me soa todos os dias pelo telefone. Em jeito de brincadeira (?) costumo responder: quando a guerra acabar.

Informações chegam-me aos ouvidos. Tem havido tiroteios opondo a FIR (Força de Intervenção Rápida) agora UIR (Unidade de Intervenção Rápida) e as forças residuais da Renamo. E veja-se que, da outra vez, tive que enfrentar a coluna policial de Muxunguè ao Rio Save. E muito antes, durante a guerra dos 16 anos, andava de coluna militar de Quelimane e Morrumbala, vice-versa. Torna-se cansativo!

Da última vez que estive em Morrumbala prometi bolas aos meus amigos da localidade do Sabe. A boa notícia é que já as tenho guardadas aqui em Maputo.

Nunca tive medo de sair da vila sede de Morrumbala para a localidade do Sabe, que dista a cerca de quarenta quilómetros. Faço-o de bicicleta ou de motorizada, apreciando a bela paisagem que guarda riqueza incompensável que, aliás, pode servir de motivo de disputa entre diabos e santos.

De gozo de férias, sempre me desloquei ao Sabe, quer para visitar familiares, quer para “curtir” com a malta o ambiente da feira semanal de Morrumbala, agora interrompida. Não costumo ter medo de nada, nem dos leões e hienas que andam ali por perto, descendo e subindo as montanhas que circundam a serra Morrumbara.

Contudo, um empecilho se coloca no meu trajecto: tenho estado a ouvir que Sabe virou palco de confrontos militares esporádicos (não sei se é verdade ou não). O que ocorre é que tenho estado a adiar as minhas férias de 2015 à espera que se viva uma paz efectiva por lá. Não quero estar em Morrumbala sem puder chegar ao Sabe, e a tiracolo levar bolas de futebol até este lugar.

Até depois, meus amigos conterrâneos!  

Manuel Meque

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