O fotógrafo moçambicano Mário Macialu, participa numa capacitação e treinamento fotográfico, em Genebra, na Suíça. A participação de Macialu surge a convite oficial da Missão Permanente dos Países Baixos, Nações Unidas em Genebra e World Press Photo Holanda.
Mário Macilau é o único fotógrafo africano a participar na capacitação, e a selecção dos envolvidos tem como base a qualidade de trabalho, responsabilidade e ética dos seleccionados. Os organizadores do evento, encontraram no trabalho do jovem artista moçambicano, a demonstração clara de coragem e compromisso na luta contra a violação dos direitos humanos, injustiça ou ataque à dignidade humana.
A formação vai abordar fundamentalmente questões ligadas aos direitos humanos, como forma de incentivar a produção artística e cultural por meio de registos fotográficos, esperando que o mesmo resulte em exposições individuais da autoria dos participantes.
Sobre a sua participação no encontro de Genebra, Mário Macilau disse que o mesmo representa "uma transformação artística e individual enquanto pessoa. Sendo que o mais importante do envolvimento neste evento, é também a integração social e as contribuições de cada um dos participantes no curso. É importante aceitar a possibilidade aprender um com outro e saber respeitar as diferenças sejam elas culturais ou pessoais", disse.
Macilau acrescentou que "tendo em conta que trata-se de um programa original e único que nem sempre acontece, a vantagem deste evento não está simplesmente na sua própria capacitação. Mas sim na possibilidade de juntar fotógrafos ou fazedores de imagens juntamente com órgãos que lutam pelos direitos humanos, activistas e intelectuais, para encontrar saídas ou mecanismos adequados para encontrar soluções que estimulam o respeito sobre a igualdade e liberdade”.
O fotógrafo moçambicano disse ainda que todos ou quase que a maioria, “sabem que os direitos humanos são fundamentais principalmente as básicas de todo ser humano, sejam eles políticos ou civis, o direito à vida, a liberdade de expressão e/ou de pensamento, de crença, o direito a cidadania ou a nacionalidade e participação do governo local ou nacional entre votar e ser votado".
Sobre impacto das experiências internacionais na sua vida artística e acima de tudo como jovem, Macilau disse que "as experiências internacionais são uma possibilidade de abrir a minha mente, de aprender e aplicar. Quando se vive num único espaço o mais convencional e credibilizado é o que localmente é comum mas no momento em que se toma primeiro passo, o primeiro movimento, se aprende novas coisas, novas formas e isso não quer dizer que temos de aceitar tudo mas sim aprendemos a respeitar as nossas diferenças e formas”.
Como jovem sente-se privilegiado por ter a força que tem. “Mas é preciso realçar que não cai simplesmente do céu, é preciso ir atrás e passar por muitas coisas mas todos nós temos sempre uma opção e várias possibilidades.
Segundo Macilau, há no nosso país muitas possibilidades para poucos fotógrafos. "Temos verificado um movimento muito forte da nova geração de fotógrafos mas também os mesmos tem pouco trabalhado e facilmente desistem. A fotografia não é uma actividade tão fácil, é preciso antes ser forte e determinado".
Em relação à profissionalização do ramo da fotografia em Moçambique, tendo em conta as exigências do mercado nacional e estrangeiro, Mário Macilau acha que fotografia está em crise mas também num bom momento. "Em crise porque as máquinas fotográficas estão quase em todos dispositivos desde as esferográficas, os telemóveis, tabletes, relógios e também as melhores máquinas fotográficas estão nas mãos dos que não nas usam mas que tem condições sempre de adquirir uma máquina boa”.
Segundo ele, há uma produção e proliferação de fotografias que até fazem esquecer as principais capas dos jornais.