A Renamo, através dos seus dirigentes seniores, em Maputo, logo depois da aprovação do Fundo de Paz e Reconciliação Nacional recusou-se a tomar posse nos órgãos decisórios da iniciativa, não por demérito da iniciativa, mas, como mais tarde se soube, por questões meramente politicas.
Esse posicionamento apanhou os “seus” combatentes em contrapé visto que se estava perante uma garantia de reintegração social dos desmobilizados de guerra, resultante do acordo de paz celebrado a 5 de Setembro de 2014, que pretendia pôr fim à crise militar que já durava cerca de um ano e meio.
Preocupava-os ainda o facto de o Fundo estar claro nos seus objectivos, nomeadamente, a promoção da criação de emprego para os combatentes, apoiar as suas iniciativas e projetos de desenvolvimento económico e fortalecer a capacidade de criação, implementação e a gestão de negócios.
O maior partido da oposição em Moçambique exigia, então, como nos outros fóruns conhecidos, a paridade com o governo na composição dos órgãos do Fundo, como condição para a tomada de posse dos seus representantes, o que lhe foi recusado.
Dados colhidos no Ministério dos combatentes, esta sexta-feira, indicam que estão registados em todo o país, 169.034 combatentes, dos quais 76.350 veteranos da luta de libertação nacional e 92.644 desmobilizados de guerra.
Estes números dizem-nos, na prática, que a maioria dos beneficiários do Fundo está no grupo dos desmobilizados de guerra, dentro dos quais os considerados de defesa da soberania e da democracia.
Omaia Salimo, posto perante a necessidade da localização concreta dos beneficiários, sobretudo os provenientes da Renamo, disse ser difícil pelas seguintes razoes:
Nós temos pelo menos um número de 200 beneficiários do grupo de que se refere, mas eles têm a particularidade de não quererem que as suas identificações sejam expostas, por alegados temores de represálias. Nalguns casos eles beneficiam do fundo por pessoas interpostas, recorrendo a familiares mais chegados, justamente para que não sejam públicos.
Na verdade, a forma encontrada pelos guerrilheiros da Renamo para o usufruto das condições que o Fundo expõe, é faze-lo quase às escondidas, com receio de que o seu partido lhe perigue a vida ou a dos seus familiares.