Arranca esta terça-feira, dia 2, o ensaio geral da criação de faixas exclusivas para a circulação de transporte público de passageiros, na entrada e saída da cidade de Maputo. Esta semana decorreram nos troços abrangidos trabalhos de sinalização, como marcação de sinais horizontais para um melhor controlo.
Amedida representa um esforço do Governo moçambicano no sentido de solucionar o grave problema do transporte de massas com que se debate a cidade de Maputo. Com a criação da faixa exclusiva, as autoridades pretendem dar prioridade à mobilidade dos transportes públicos, no sentido de se tornar cada vez mais rápido o tráfego rodoviário e criar uma certa comodidade para os potenciais utentes.
Enquanto não se constrói um corredor especial, que poderá surgir no quadro do BRT (Bus Rapid Transport), aquela medida experimental será implementada por via da colocação de sinalização vertical e horizontal, no período entre as 5.30 e 8.30 horas da manhã e, à tarde, entre 15.30 e as 19.00 horas, apenas nos dias úteis.
Actualmente, na EN1, existem três faixas a entrar para a cidade de Maputo no período da manhã, sendo que uma delas, situada na berma da via, passará a ser exclusiva para o transporte público e, as restantes duas servirão para a circulação de viaturas particulares.
A faixa exclusiva de transporte vai partir da rotunda da Missão Roque, na intercessão entre os bairros de Zimpeto, Mahlazine e George Dimitrov, a qual deverá ser usada unicamente por viaturas que se dedicam ao transporte colectivo de passageiros, como “chapas”, autocarros públicos e privados, transporte escolar, entre outros.
Em termos de rotas, a faixa vai-se prolongar até à zona da ex-Brigada Montada, estendendo-se pelas avenidas da OUA e “24 de Julho” até ao Museu, estando previsto um desdobramento na Avenida Guerra Popular para as viaturas que se dirigem à baixa da cidade de Maputo.
Para esta operação, estará envolvida uma vasta equipa de modo a monitorar os automobilistas, desde técnicos que trabalham na regulação do sistema de condicionamento de tráfego, Polícia de Trânsito, Polícia Municipal e associação de transportadores.
A faixa exclusiva, segundo soubemos de Carlos Diante, director municipal de Transporte e Trânsito, terá uma sinalização que indica qual o tipo de viaturas que poderá circular naquele corredor exclusivo. Para a demarcação da faixa, decorreram, nos últimos dias, obras de pintura no pavimento dos troços, onde se destaca a palavra “BUS”, no traçado de rodagem dos autocarros, assim como a colocação de painéis luminosos para auxiliar os automobilistas.
O director municipal de Transporte e Trânsito disse que a viatura que não seja de transporte público que invadir aquela faixa estará em violação, por isso poder-lhe-ão ser aplicadas medidas pelo cometimento da infracção.
Situação idêntica será observada em relação às viaturas autorizadas para circular na faixa exclusiva, as quais estarão igualmente proibidas de invadir as restantes duas faixas, podendo incorrer em penalizações, caso tal venha a suceder.
Na Avenida de Moçambique, nos cruzamentos, será colocada sinalização específica e as equipas técnicas encarregar-se-ão de orientar os automobilistas de acordo com as prioridades de trânsito.
Ao longo das faixas exclusivas, serão traçadas as áreas destinadas às paragens dos transportes. Nos últimos dias, uma empresa contratada esteve encarregue de colocar as devidas sinalizações. Serão, segundo soubemos, zonas de encosto para as viaturas pararem, estando definido um período curto de paragem para que não se registem congestionamentos.
Este processo deverá arrancar com uma frota de 50 autocarros, esperando-se que, gradualmente, se venha a aumentar até 100 unidades, as quais se irão juntar aos pouco mais de 500 transportadores semicolectivos que operam nas rotas da EN1.
Um estudo indica que 120 autocarros, cuja capacidade vária, em média, entre 60 e 70 passageiros podem ser suficientes para resolver o problema de transporte ao longo da EN1. Com a criação da faixa exclusiva, pretende-se que muitas pessoas que se deslocam para a cidade possam recorrer ao transporte público, deixando de usar viaturas particulares.
“Chapeiros” vão ter de se sujeitar às regras
Ao partilhar a faixa exclusiva com os restantes transportadores, os transportes semicolectivos de passageiros estarão sujeitos a cumprir as regras de circulação que se impõem ao longo do corredor que vai ser criado. Rotulados como os “campeões” da indisciplina em matéria de circulação nas vias públicas, os “chapeiros” serão obrigados a não estacionar de qualquer maneira para não provocar congestionamentos ao longo da faixa exclusiva.
Estacionamentos nas bermas serão proibidos ao longo da EN 1
Com a introdução da faixa exclusiva para o transporte de passageiros, as autoridades pretendem acabar com os estacionamentos nas bermas da Estrada Nacional Número Um, como forma de evitar embaraçar o tráfego rodoviário.
Carlos Diante referiu que os proprietários de camiões e de plataformas que habitualmente têm sido colocados nas bermas da EN1 foram notificados para retirá-los.
Pretende-se que até amanhã, segunda-feira, seja concluída a retirada daqueles obstáculos nas bermas daquela principal via, para permitir que o processo arranque sem embaraços no dia 2, terça-feira. O director municipal de Transporte e Trânsito frisou que o Conselho Municipal accionará mecanismos apropriados para retirar compulsivamente viaturas ou outro tipo de obstáculos que não forem removidos atempadamente.
Rota dO Zimpeto com
novos autocarros
O município de Maputo conta desde a última sexta-feira com 50 novos autocarros para o transporte público de passageiros. Os mesmos são geridos pela Cooperativa de Transporte do Corredor N1, e fazem somente as carreiras Baixa-Zimpeto, Museu-Zimpeto e vice-versa. Os autocarros foram adquiridos pelo Governo, com o objectivo de colmatar a falta de transporte nos centros urbanos do país, com destaque nas cidades de Maputo e Matola.
O envolvimento do Governo neste sector vem na sequência da constatação da fraca oferta do serviço de transporte urbano de passageiro, facto que origina a superlotação dos meios de transporte, maior tempo de espera, para além de grandes concentrações.
A aquisição destes autocarros representa a materialização de parte do Plano Económico Social (PES – 2016) que prevê a aquisição de 213 autocarros para o reforço da frota dos operadores públicos e privados, a nível nacional.
Entretanto, o gestor daquela frota conta com dois motoristas para cada autocarro, divididos em dois turnos, sendo o primeiro das 05.30 às 15.00 horas, o segundo das 15.00 às 22.00h.
Os autocarros foram pintados a duas cores, sendo que os de amarelo vão fazer a carreira Zimpeto-Baixa e os de verde a rota Zimpeto-Museu. A Vice-Ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela
Rebelo, reconheceu durante a cerimónia da entrega dos novos autocarros que actualmente se verifica um deficiente escoamento do tráfego, provocando congestionamento e consequente redução do número de viagens por cada unidade.
Para Manuela Rebelo, as causas desta situação já estão identificadas e para fazer face a isso o Governo está a reforçar as frotas dos operadores públicos e privados, a melhorar as vias de acesso, reflectir sobre a tarifa e a comparticipação do Estado em forma de subsídio, entre outros.