Moçambique participa de 21 a 26 de Abril, em Pretória, África do Sul, no Campeonato Africano de Boxe, numa altura em que os moçambicanos estão angustiados pela multiplicação de actos de xenofobia naquele país.
Ao ambiente hostil, espera-se que os pugilistas moçambicanos se “vinguem” no ringue, vencendo qualquer sul-africano que lhes aparecer pela frente. E pela força do desporto dizer: chega de perseguição, todos somos cidadãos do mesmo mundo.
No total, foram convocados vinte pugilistas para os trabalhos da Selecção Nacional, com vista a participação do país no Campeonato Africano de Boxe, a nível da Zona VI.
O “ Africano” de Pretória, para o qual Moçambique leva 14 pugilistas ( 12 homens e duas mulheres), vai apurar atletas para os Jogos Africanos que terão lugar de Brazzaville, na República Congo Brazzaville, em Setembro próximo.
Masculinos: Francisco Massitela, Valdo António, António Mathule, Gento Máquina, Carlos Mandlate (Estrela Vermelha de Maputo); Bernardo Marrime ( este vive na Irlanda do Norte e desembarcou em Maputo na sexta-feira); Hélio Castelo, Paulo Jorge, Francisco Máquina, Lourenço Cossa, Almeida Nduvane (Ferroviário de Maputo); Juliano Máquina, José Azarias, André Simão e José Baptista (Matchedje).
Femininos: Maria Manuela, Rady Gramane, Alcinda Panguana e Ângela José (Academia Lucas Sinóia).
Para além dos atletas, fazem parte da comitiva que começa a seguir amanhã Lucas Sinóia, Elísio Manhiça (treinadores); Benjamim Uamusse (presidente da FMBoxe) e Rodrigues Mondlane ( coordenador técnico); Diamantino Vasco (árbitro). Três órgãos de informação manifestaram interesse de enviar jornalistas para cobrir o evento.
O senão do objectivo dos moçambicanos para essa “vingança” no ringue é de trem tido uma preparação ligeira, devido ao facto de a Federação Moçambicana de Boxe não estar a receber do Fundo de Promoção Desportiva (FPD) o valor anual de contrato-programa.
Depois de convocados, os pugilistas não foram submetidos a treinos adequados, pois continuaram a se treinarem nos seus clubes. Muitos deles se juntaram à Academia Lucas Sinóia para treinos diários no chão do pavilhão da Escola Secundária Francisco Manyanga.
Após os X Jogos Africanos, realizados no nosso país, da Missão Moçambique se ouvia que a preparação dos nossos atletas para as diversas competições tinha que ser contínua.
Era o discurso de animação pelos bons resultados conseguidos por algumas modalidades, dentre elas o boxe, que conquistou duas medalhas de bronze.
Aos poucos os ânimos foram refreando e cada modalidade voltou ao seu estado normal de imobilidade, exceptuando uma e outra que se safam devido a entrega pelo desporto dos seus dirigentes.
No caso do boxe, era suposto que para essa preparação contínua o ringue menor ficasse montado num espaço onde os atletas se treinassem sistematicamente, sobretudo aqueles que representam o país nas provas regionais, continentais e mundiais.
O Clube Estrela Vermelha de Maputo não se opunha na utilização do seu pavilhão anexo para treinos e provas de pequena dimensão e o principal para eventos que o país se propusesse a organizar. Nada disso passou a acontecer.
Aventou-se a ideia de que o melhor local para as realizações de boxe seria o Estádio Nacional do Zimpeto para onde fora despachada a FMBoxe. Lá se fez um torneio internacional e nada mais. É longe para todos.
E o treinador cubano, em serviço no país, nada pode fazer senão ficar à espera que um dia a FMBoxe tenha dinheiro e lhe apresente projecto e programa de trabalho.