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Bolinhas de lã para pezinhos grosseiros

Por Jornal domingo

Bula-Bula confessa que não entende muito de bolas, mas sabe o suficiente para distinguir entre as verdadeiras e as falsas, sem nem mesmo sopesar ou chocalhar as benditas. Estas, que apareceram no Chimoio, na mala do presidente da Federação Moçambicana de Futebol, são do tipo murchas, envelhecidas e tão definhadas que não precisam de ser bolinadas para nos apercebermos da sua flacidez.

Enfim, o voluntarioso e generoso presidente federativo já devia saber o mesmo que Bula-Bula, que bolas flácidas não são recomendáveis a populações viris, mormente de voz grossa, como aquela que Feizal Sidat definiu como merecedora dos tais apetrechos murchos, amortecidos, sem vida, ainda por cima oferecidos na presença da sua governadora, Francisca Tomás, também ela mulher que, de vez em quando, engrossa a voz para manter a província em rédea curta, governável.

A oferta do presidente, mais de mil bolas flácidas e puídas depois de serem pontapeadas uma meia dúzia de vezes, gerou uma onda de indignação na província de Manica, propagou-se rapidamente para os meios de comunicação, abriu telejornais e noticiários, mas, como era de esperar, as explicações vieram em torrente, às catadupas, umas mais ridículas que as outras e, destas outras, umas mais ofensivas que aqueloutras.

Por exemplo, Bula-Bula recebeu um vídeo que mostra um grupo de crianças, estas da Beira, a jogar as bolas oferecidas pelo mesmo benfeitor e o narrador, estridentemente, a explicar que as mesmas continuavam intactas mesmo depois de hora e tais de chutes e pontapés, resistindo e não dando mostras de flacidez ou maciez, continuando rijas e com vigor para outras tantas sessões dos referidos chutes, concluindo, o narrador, que o que tinha acontecido no Chimoio era que as bolas tinham sido dadas a crianças que não cortam nem as unhas e sequer os calos e que o resultado só podia ser aquele.

Seja como for, e sem querer retirar o mérito da benfeitoria, Bula-Bula acha que sejam elas bolas número 4, sejam elas de produção caseira e/ou comercialização familiar, o dinheiro da FIFA devia ser bem empregue para não termos que achar que as bolinhas oferecidas de forma maciça, copiosa, eram de lã, ou que os pezinhos dos pobres meninos de Chimoio, que para nós são iguais aos da Beira, são grosseiros, calosos e com garras em vez de unhas, parecendo uns gadanhos a estragar a boa acção do presidente da FMF! Leia mais…

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