Entre ruas, casas recém-construídas, barracas movimentadas de alguns bairros em expansão da cidade e província de Maputo, há vestígios do passado difíceis de serem esquecidos. A existência de cemitérios familiares nestes locais, tornou-se numa realidade desconfortável para os moradores. Os vivos clamam por espaço, mas, em alguns casos, encontram-se, literalmente, a pisar os mortos. É caso para dizer que a “convivência” entre os vivos e os mortos é tudo, menos pacífica.
Em bairros como Zimpeto, Matola-Gare, Tchumene, Intaka e Muhalaze, a situação tornou-se fonte de constante inquietação no seio dos moradores. As campas, outrora erguidas em locais distantes de habitações, agora se encontram dispostas entre residências, ao lado de estabelecimentos comerciais, escolas ou mesmo no meio de ruas.
Os residentes reclamam porque alguns lugares santos estão voltados ao abandono, mas outros, porque, simplesmente, estão ali. À vista de todos, sobretudo crianças.
No bairro do Zimpeto, por exemplo, ainda que reconheçam que chegaram depois, há famílias que não escondem o desconforto. “Sabemos que viemos encontrar o cemitério, mas também há que se respeitar o desenvolvimento”, diz Tai Cuco, residente no bairro há mais de 25 anos.
No local, a necessidade de abrir uma via alternativa, depois de algumas ruas tornarem-se intransitáveis devido às águas pluviais, levou os moradores do quarteirão 44 a cortarem árvores e a traçarem uma nova via. No entanto, a pretensão implicava “sacrificar” duas das 16 campas pertencentes ao cemitério da família Panguene, Leia mais…