A escassez de espaço para novos funerais é uma realidade em Maputo. O Cemitério de Lhanguene foi encerrado para novos funerais e o de Michafutene, em Marracuene, já se ressente da pressão, realizando, por vezes, mais de dez enterros num só dia. Como forma de contornar o problema, a edilidade recomenda exumações cinco após sepultamento.
Florentino Ferreira, vereador do Pelouro de Salubridade e Cemitérios, exortou aos munícipes de Maputo a procederem à exumação dos restos mortais de familiares falecidos como forma de “dar mais vida aos cemitérios”, na sua maioria sem espaço para novos funerais.
A exumação de ossadas é normalmente feita cinco anos após o funeral, sendo, entretanto, condicionada pelo estado de degradação do corpo. O nosso entrevistado sugere que os restos mortais sujeitos à esta operação sejam depositados em ossários tal como sucedia no passado no Cemitério de Lhanguene.
Refira-se que devido à escassez de espaço para novos funerais na cidade de Maputo, as autoridades municipais viram-se obrigadas a recorrer ao distrito de Marracuene para construção do novo Cemitério de Michafutene num espaço de 50 hectares.
“Veja que tivemos que recorrer a Michafutene, que geograficamente pertence ao distrito de Marracuene, para construir o cemitério porque na cidade de Maputo não temos espaço nem de 25 hectares”, lamentou a fonte.
CREMAÇÃO: A OUTRA SOLUÇÃO
Uma das “soluções” adoptadas pelas autoridades municipais para evitar a superlotação dos cemitérios assentou na introdução de sobretaxas, através da tabela de postura já aprovada pela Assembleia Municipal.
Tal sobretaxa, a agravar anualmente pode ascender os seis mil após 25 anos de permanência dos restos mortais na sepultura. Trata-se, contudo, de medidas que não estão a surtir efeitos.
Consciente desta realidade, ainda no decurso do primeiro mandato, a Vereação de Salubridade e Cemitérios efectuou visitas à alguns países no sentido de estudar outros mecanismos usados na preservação de espaços nos cemitérios.
Uma das possíveis soluções encontradas foi a realização de funerais mediante maximização de espaços na posição vertical, construindo-se espécie de “prédios” de menor dimensão, prática da América Latina.
O vereador afasta qualquer possibilidade de se proceder a enterros nestas condições, pois tal “solução” atentaria contra a nossa cultura e costumes. “Isso seria violento para a cultura moçambicana, pois o conceito de morte está relacionado com o eterno descanso”, frisou.
A cremação, uma prática de famílias de origem hindu, mostra-se como alternativa a seguir para que os espaços “resistam” . Aliás, em Maputo algumas famílias que não são de origem hindu têm estado a optar pela cremação de restos mortais dos seus ente queridos, uma decisão louvada pela Vereação de Salubridade e Cemitérios.
Triste retrato
do Cemitério da Lhanguene
Florentino Ferreira referiu que a situação do Cemitério de Lhanguene é horrível e lastimável, pois existem campas ao longo de vias de acesso aos túmulos. Vezes sem conta, familiares que acompanham um ente querido vêem-se na contingência de subir noutras campas para chegar ao local da realização do funeral.
Mesmo assim, segundo o vereador, continua a existir pressão de famílias que pretendem realizar as cerimónias naquele cemitério.
O Conselho Municipal de Maputo garante que este cemitério está fechado para novos enterros, funcionando apenas para segundo funerais num túmulo que seja reserva de família.
Ferreira afirma que a solução passa por desincentivar mesmo os segundos funerais para que se possa ir ao Cemitério de Michafutene onde existe espaço relativamente amplo.
Edilidade projecta novas vedações
O Conselho Municipal de Maputo poderá avançar este ano com a vedação de cemitérios familiares no bairro do Zimpeto conforme pedido da população local, pressionada com mais funerais após encerramento do Cemitério da Lhanguene .
A par desta acção, a edilidade poderá proximamente fazer intervenções semelhantes nos cemitérios das Mahotas, da KaTembe, de Ka Nhaca, dentre outros.
“Temos o objectivo de isolar o espaço do cemitério das residências, porque é constrangedor o facto de se realizarem cerimónias fúnebres num espaço contíguo às habitações onde normalmente as pessoas estão envolvidas em tarefas domésticas,disse Florentino Ferreira.
Jaime Cumbana