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Chiaquelane: onde se reerguem os sonhos

Por admin

Do nada, Chiaquelane “entrou no mapa” durante as cheias de 2000 e 2013 quando se transformou em refúgio seguro para populações de Chókwè após o transbordo do Limpopo. Timidamente esta região da província de Gaza caminha para o desenvolvimento, beneficiando de infra-estruturação básica e reerguendo sonhos de pessoas que perderam quase tudo…

De centro de acomodação, Chiaquelane pode um dia ser povoado importante do distrito de Chókwè. Dezenas de famílias ciclicamente afectadas pelas cheias na cidade com o mesmo nome reerguem ali os sonhos, olhando o futuro com nova esperança.

As águas do Limpopo, que prometem regressar este ano em ondas de cheia fortíssimas, fizeram daquele recanto de Gaza um porto seguro para milhares de pessoas com habitações destruídas na zona urbana.

Com efeito, a floresta foi retalhada, cedendo espaço para demarcação de terrenos para equipamentos sociais, tudo num esquema urbanístico que configura possível vila no futuro.

Ainda com sequelas da última dor causada pelas inundações do Limpopo, o povo aprende ali a viver de novo, embora mantenha as ruínas na zona urbana, onde crianças, longe dos pais, permanecem em albergues precários para poderem ir à escola.

Com efeito, grande parte das famílias que encontramos recentemente em Chiaquelane vive sem as crianças, pois no novo povoado ainda não há escolas primárias.

Mesmo assim, as vítimas das cheias dizem que têm duas casas: uma na cidade e outra no campo. A primeira é de habitação precária e a última representa um sonho de segurança na linguagem do futuro.

“SAUDADES DO FUTURO”

Perante este cenário, as autoridades locais já projectam a construção de escolas, centros de saúde e maternidades. O objectivo é assentar em segurança um povo habituado a sofrer e trazer as crianças para junto dos pais.

Vimos em Chiaquelane projectos de electrificação em curso nos arruamentos feitos entre talhões de oitocentos metros quadrados (20X40). Paralelamente, pontos de toma de água estão sendo desenhados e bombas de elevação instalados para distribuição do precioso líquido nos quintais.

É a vida sorrindo novamente. Gilda Manjate, nova moradora, disse à nossa Reportagem que fugiu de Conhane porque as cheias destruíam tudo o que sua família conseguia com muito sacrifício. “Estou bem aqui em Chiaquelane, apesar de parte da minha família encontrar-se ainda na cidade”

Acrescentou que o terreno que o Governo ofereceu tem toda documentação e é espaçoso. Lamentou, entretanto, a falta de água potável. “Não há furos. A GEOMOC ainda está a trabalhar”

Ana Ubisse, também proveniente de Conhane, tocou no extremo. “Não queremos regressar mais à cidade de Chókwè. Pedimos chapas, caniço, para estarmos melhor protegidos”, ajuntou.

Elogiou os trabalhos executados pelo governo distrital. “Estão a colocar postes de energia e a fazer furos de água”.

Afirmou ainda que uma escola primária está igualmente a ser projectada, o que irá ajudar, “porque muitas crianças nossas ficaram na cidade”

Dona Sandra referiu, por seu turno, que o Governo deve ajudar na construção de novas habitações. “Estamos bem, mas queremos mais”, disse, acrescentando que o marido ficou em Conhane com as crianças, pois estas não podiam abandonar a escola.

Januário Munjovo, também de Conhane, afinou no mesmo diapasão: “Estamos bem. Estamos a gostar do sítio”. 

 

Bento Venâncio

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