Um avião das Linhas Aéreas de Moçambique despenhou-se na última sexta-feira, numa área florestal entre a Namíbia e o Botswana, matando 33 pessoas, sendo 27 passageiros e seis tripulantes, entre os quais o comandante Hermínio dos Santos Fernandes, mais conhecido por comandante Hermínio.
Trata-se de um Embraer ERJ-190AR (ERJ-190-100 IGW), denominado “Chaimite” que entrou ao serviço da companhia aérea moçambicana em Novembro de 2012, ano em que foi fabricado e adquirido no Brasil. Tinha capacidade para transportar 98 passageiros. Era o mais recente avião da companhia.
Dada a gravidade da situação relativa ao desaparecimento da aeronave C-EMC das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que fazia o voo no trajecto Maputo-Luanda, o Presidente da República convocou ontem uma sessão extraordinária do Conselho de Ministros para avaliar o incidente.
O Ministro dos Transportes e Comunicação, Gabriel Muthisse, falando em nome do Governo no final da referida sessão extraordinária do Conselho de Ministro, explicou que o avião saiu de Maputo às 11: 20 minutos e tinha chegada prevista para às 14:10 minutos de Angola (15.10 horas em Maputo).
O avião transportava dez moçambicanos, nove angolanos, cinco portugueses, um francês, um brasileiro e um chinês.
“Dados que nos foram facultados pelo Governo da Namíbia indicam que o avião se despenhou e não houve sobreviventes. Disseram ainda que a queda da aeronave deu-se numa área florestal entre aquele país e o Botswana”, contou Muthisse.
O acidente do Embraer E190 deu-se numa região remota de difícil acesso, e que estava a ser fustigada por mau tempo caracterizado por trovoadas e chuvas torrenciais. Os aparelhos de busca da 
Força Aérea Namibiana enviados ao local para averiguar a ocorrência, não conseguiram visualizar ao longo da última sexta-feira o local do acidente.
Logo após a informação sobre o desaparecimento do avião, o Governo tomou medidas destinadas a fazer o acompanhamento do acidente e apurar as suas causas. Uma comissão de inquérito foi constituída e juntar-se-á a comissão internacional a ser liderada pela Namíbia onde o avião quedou.
A referida comissão, segundo Muthisse, será liderada pelo director Nacional dos Transportes e Comunicações, António Chiche, integrando ainda Danilo Amade, Amadeu Andrade, Hilário Davis, Rui Macaringue, Prospero Natangada, Manuel Zacarias e Henriques Comiche.
Segundo o ministro, de acordo com o regulamento da ICAO, a comissão deverá apresentar os resultados preliminares no prazo de 30 dias. Paralelamente a esta comissão, foi criada outra de acompanhamento a todos os níveis que integra dirigentes do Instituto Nacional da Aviação Civil e das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
As actividades desenvolvidas pelas duas comissões serão supervisionadas pelo Ministro dos Transportes e Comunicação, Gabriel Muthisse.
A fonte afiançou que o Governo prevê decretar luto nacional logo que as condições objectivas estiverem declaradas. “Quero, em nome do Governo de Moçambique, expressar às famílias enlutadas as mais sentidas condolências por este doloroso acontecimento”, lamentou Muthisse.
Ainda em nome do Governo, expressou profundos agradecimentos aos governos da Namíbia, Botswana e de Angola e às equipas de resgate, pelo esforço empreendido para a localização e identificação da aeronave.
O Governo comunicará ao povo moçambicano e em particular às famílias enlutadas, os desenvolvimentos futuros, à medida que mais dados forem apurados.
Entretanto, informações avançadas pelas agências internacionais, citando fontes oficiais da Força Aérea e da Polícia namibiana, que se deslocaram ao local onde a aeronave se despenhou, indicam que o avião ficou reduzido a cinzas, visto que ardeu completamente.
Na história da aviação civil moçambicana e da empresa LAM esta é a primeira vez que se regista a queda de um avião a operar em moldes comerciais, causando mortes, uma vez que facto similar sucedeu com a extinta “DETA”, há mais de 33 anos.
Jaime Cumbana
Fotos de Inácio Pereira
