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Falta de financiamento atrasa projectos eléctricos

Por admin

Os países membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) prevêem ultrapassar, a partir do próximo ano, o défice de energia eléctrica com o qual se debatem desde

 2007, pese embora persistam dificuldades no acesso ao financiamento.

Dados recentemente divulgados pelo Secretariado da SADC indicam que a região alcançou alguns êxitos referentes a interligações de pelo menos nove países da parte continental ao Grupo de Energia da África Austral, também conhecida por Southern Africa Power Poll (SAPP).

Entretanto, está em falta a conexão de três Estados, nomeadamente, Angola, Malawi e Tanzania, cuja interligação poderá acelerar a optimização dos sistemas de produção energética e de trocas comerciais de energia, ao mesmo tempo que vai garantir a segurança energética, melhorar o acesso aos serviços energéticos modernos, explorar estes recursos e atingir a sustentabilidade do investimento financeiro e ambiental.

“Estes factores contribuirão colectivamente para a meta energética da SADC de alcançar serviços energéticos adequados, fiáveis,  económicos e ambientalmente sustentáveis em prol do crescimento económico e da erradicação da pobreza”, refere um estudo encomendado pelo secretariado da SADC.

Com efeito, aquele estudo tornou evidente que em alguns países da região o acesso rural à electricidade é inferior a cinco por cento e que a SADC, em termos comparativos, fica atrás de outras comunidades económicas. A título de exemplo, o acesso à energia no Grupo de Energia da África Oriental, cifra-se em 36 por cento, e na África Ocidental situa-se em 44 por cento.

Conforme apurámos, vários factores concorrem para este quadro, com destaque para o facto dos produtores de energia da região estarem a praticar preços baixos, terem uma má preparação de projectos, falta de compradores e de quadros políticos e regulamentares atractivos ao investimento.

“Embora a região seja rica em recursos de óleo e gás, muita desta riqueza não é acessível devido a compromissos com o estrangeiro ou não existir infra-estrutura adequada, ao que se acresce a volatilidade dos preços destas matérias-primas”, aponta.

Para inverter este quadro, os países da região identificaram um total de 73 projectos de produção de electricidade cujo objectivo é passar dos actuais 56 mil Megawatts para mais de 96 mil Megawatts em 2027. Enquanto isso, calcula-se que o custo de todos os projectos de geração de energia planeados para acontecerem entre 2012 e 2017 andem à volta dos 62 biliões de dólares americanos.   

A médio prazo, ou seja, de 2017 a 2022, os países da região pretendem realizar investimentos orçados em 39 biliões de dólares americanos e, a longo prazo, nomeadamente de 2022 a 2027 irão aplicar cerca de 72 biliões de dólares americanos. Ao todo serão necessários perto de 173 biliões de dólares para a implementação de todos estes programas de geração de electricidade.

Com estes montantes, projecta-se a construção de infra-estruturas de geração e transmissão de electricidade, refinarias, instalação de armazenagem e oleodutos e gasodutos, assim como a instalação de vias de transporte para a distribuição e exportação do carvão.

 

Consumo de energia

aumenta em Moçambique

A descoberta de recursos naturais que se tem verificado nos últimos anos, por um lado, e o consumo de electricidade que tem registado taxas constantes de seis por cento, por outro, está a impor novas medidas para responder à actual demanda.

Supõe-se que Moçambique tenha um potencial de produção de energia eléctrica de cerca de 12.500 Megawatts, porém, a produção anual média situa-se em cerca de 600 Megawatts.

Até 2020 as projecções médias indicam que a procura de energia para a satisfação das necessidades da população, sem incluir as indústrias de consumo intensivo de energia, irá aumentar para 1554 Megawatts e, até 2030, para 2338 Megawatts. 

Para fazer face à procura de electricidade o Governo moçambicano deu início a diversas acções na produção de energia, que incluem uma central hidroeléctrica situada há 61 quilómetros da Barragem de Cahora Bassa, a central de hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, com uma capacidade de 1500 Megawatts, numa primeira fase, com extensão de cerca de 1245 Megawatts na Margem Norte de Cahora Bassa.

Na mesma senda, estão planeadas centrais termoeléctricas para o abastecimento de energia a projectos de exploração mineira situados na Província de Tete, em Moatize, com capacidade de produção de 300 Megawatts e, em Benga com cerca de 500 Megawatts. Enquanto isso, para a zona sul poderão ser instaladas centrais termoeléctricas alimentadas a gás natural para produção de perto de 300 Megawatts.

Apesar de o nosso país ser produtor de electricidade, apenas 15 a 20 por cento dos agregados familiares têm acesso àquele recurso. Tal como acontece com outros países da África Subsaariana, Moçambique depende, em grande parte, de energia não comercial ou de energia tradicional, como são os casos de lenha e o carvão.

Segundo ficamos a saber, em 2009 foi aprovado o Plano Mestre de Moçambique para Produção de Energia que avalia diferentes opções para a produção de energia eléctrica no país, nomeadamente, hidroeléctrica, termoeléctrica, eólica, solar e de biomassa para os próximos 20 anos, tendo em conta aspectos económicos, ambientais e sociais.

Por outro lado, apurámos que naquele plano constam recomendações segundo as quais os projectos de Mphanda Nkuwa e da Hidroeléctrica de Cahora Bassa-Norte devem ser desenvolvidos o quanto antes, em paralelo com a construção de linhas de transmissão de electricidade que deverão ligar as regiões centro e sul do país. Terá sido com base nesta iniciativa que se desenhou a proposta do Projecto para da Rede Principal de Transmissão Regional de Moçambique (CESUL).

Trata-se de um projecto que vai conceber e construir um sistema de expansão suficientemente forte para transportar cerca de seis mil megawatts de electricidade a ser produzida no Vale do Zambeze e possibilitar a futura expansão da rede de distribuição, segundo os planos do Governo moçambicano.

Aliás, Moçambique poderá comercializar energia eléctrica para outros membros da SADC, através da SAPP, particularmente para a África do Sul, tendo como investimento inicial perto de três biliões de dólares americanos.

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