Foi também uma busca de protagonismo barato, cinicamente. Arremessado contra vida de mais moçambicanos, jovens inocentes como a Renamo o tem feito ao longo da sua história.
Foi uma acção intencional e politicamente orquestrada pela direcção da Renamo desesperada pelos acontecimentos: de um lado os agentes económicos internacionais continuam a acreditar em Moçambique, como local de paz concertada com o desenvolvimento, ideal para o investimento estrangeiro, e por outro lado, os preparativos do processo eleitoral caminham com todos os actores políticos com excepção da Renamo a olear a máquina partidária.
Entre dois títulos que me propus a dedicar a este artigo, achei o mais adequado para as circunstâncias ‘É impossível dialogar com terroristas’.
O governo da nossa república encontra-se há 3 semanas a tentar dialogar com a Renamo, uma organização que tem lá a sua agenda nada compatível com a paz e democracia.
O governo e a Renamo encontram-se envolvidos num diálogo, a pedido desta formação política, para discussão de uma agenda que inclui quatro pontos, nomeadamente um novo pacote eleitoral, despartidarização da administração do Estado, matérias relativas à defesa e segurança e questões económicas
O tempo é importante e vale dinheiro, e os quadros dirigentes dirigidos pelo ministro José Pacheco que também é ministro de Agricultura, lá vão até madrugadas, tentando esclarecer à organização de Dlhkama que as suas análises são improfícuas, despidas de todo senso legal no quadro democrático. É que no que concerne à lei eleitoral que a Renamo faz de ponto de honra, caso ela entenda ser inconstitucional, deve ser a própria Renamo como proponente a submetê-la à Assembleia da República. Mais do que isso, deve reconhecer que o Acordo Geral de Paz (AGP), após as eleições gerais de 1994, está prescrito e inserido na Constituição da República.
Para o executivo haverá sempre espaço de diálogo com todos, mas a Renamo julga poder utilizar o momento para subverter todo um quadro político sociológico que lhe é desfavorável, resultado dos escrutínios eleitorais que provam que o seu eleitorado se diluiu e foi perdendo o terreno em benefício de partidos emergentes.
A Renamo sente-se frustrada por os seus intentos não encontrarem o eco devido no diálogo, e sabe também que muito menos encontrará terreno permeável no parlamento onde, como se sabe, a lei eleitoral foi aprovada pelo partido Frelimo e
Nm país como o nosso que é enorme, com carências evidentes de infra-estruturas económica e nalguns casos militares, toca a atacar alvos que lhe convêm. Desta vez o alvo escolhido foi militar.
Em Nampula foram atacados alvos policiais em Muxúngue e agora um paiol das FADM.
O que falta para que a Renamo seja declarada alvo legítimo de uma acção militar, já que ao que parece continua na sua acção, cabeça desafiadora sem mais nada a perder? Desprovida de honra nacional, será que a Renamo tem capacidade militar para sustentar uma guerra? Claro que não tem. Foi-lhe retirada a retaguarda, os regimes racistas de Ian Smih e do apartheid. Mas porque continuam a agir como bandidos armados?
Porque estamos perante uma organização terrorista.
Aquando de Muxúngue, Dhlakama afirmou que consentiu que os seus homens atacassem em retaliação à ocupação da sua sede e para libertar da prisão os elementos da sua organização. Em Nampula havia sido também a desculpa da desocupação da sua sede pela polícia, onde alguns homens armados viviam na ausência de mínimas condições básicas de higiene.
E agora o que motivou o ataque ao paiol de armamento da linha de Sena? Assim pela calada da noite com se estivéssemos em guerra para roubar armamento? Não é disto que Dlhakama se gaba de ser o maior estratega de guerrilha? É isto que chama estratégia militar, assassinar jovens soldados moçambicanos que estavam a dormir?
Um acto bárbaro de terrorismo puro, cuja repercussão desestabiliza política e economicamente Moçambique. Enquanto o executivo com seu governo semeam o desevolvimeno económico a outra parte usa todos os artífices para minar o processo.
Ao que tudo indica o paiol atacado na província de Sofala acabara de receber armas e munições. Consta que os assaltantes se apoderaram de armas e munições. Isto quererá dizer que estavam informados e vêm usando informantes para obtenção de dados sobre movimento de homens e armamento militares. Não foram os próprios dirigentes da Renamo a afirmar que o armamento que usam é tirado das nossas forças de defesa e segurança? Mas existe alguma dúvida sobre a natureza e objectivos da Renamo? Doravante estamos avisados, que mesmo nos tempos actuais não foram capazes de mudar a natureza da Renamo. Todos cidadãos, quer militares, polícia e civis não podem dormir ou descansar enquanto a Renamo se mantiver armada. A prontidão das nossas forças de defesa e seguranca vem sendo desafiada. A única atitude para com a Renamo é o estado de alerta, do que possa vir dali ou simplesmente desarmá-los à forca. Num estado de direito apenas a autoridade tem o monopólio do uso da força e da violência.
Será que valerá a pena o diálogo com terroristas? O presidente Armando Guebuza diz que o diálogo deve continuar. Nós os moçambicanos, apesar da consternação pelo sucedido, reforçamos o nosso voto de confiança ao nosso comadante em chefe das FADM, ao mesmo tempo que endereçamos sentimentos de pesar e solidariedade aos familiares de mais vítimas da Renamo.
Fomos todos apanhados de surpresa. A paz foi violada e nós moçambicanos não deixaremos que este acto de terrorismo que vitimou os nossos soldados fique impune. Iremos até às últimas consequências, mesmo que isso signifique ultrapassar a razoabilidade do castigo a nossa consciência remanescerá tranquila. Não podemos permanecer indiferentes ante a barbárie que ameaça consumir o nosso estado de direito que tão bem temos conseguido firmar. Caso contrário morreremos por omissão ao não chamar as coisas pelos nomes, por mais uma vez ter permitido que o nosso ideal de liberdade fosse violado por aqueles que nunca acreditaram na democracia.
A Luta Continua!