Centenas de pessoas marcharam na manhã de ontem, na capital do país, exigindo o retorno da paz, beliscada com os ataques da Renamo na região de Muxungué. “Não à guerra”, lia-se num dos
dísticos exibidos durante a manifestação organizada pela Sociedade Civil e que teve a participação de diversas confissões religiosas e população em geral, que rezavam pelo fim das hostilidades.
Logo nas primeiras horas da manhã, os manifestantes concentraram-se na Estátua de Eduardo Mondlane, na zona do Alto Maé, e iniciaram a marcha por volta das 7.30 horas. Os participantes na marcha percorreram a faixa central da Avenida Eduardo Mondlane, indo desaguar na Avenida Guerra, desviando para alcançar a Acordos de Lusaka até desaguar na Praça da Paz.
As preces religiosas dominaram a parte final com os participantes a repudiarem veementemente os ataques perpetrados pela Renamo em Muxungué, na passada sexta-feira, em que ceifaram a vida de duas pessoas, segundo fontes oficiais da Polícia.
“Condenamos o espírito belicista, porque pode destruir o que foi feito durante este tempo de paz. Oramos por Afonso Dlakama e Armando Guebuza para que nos devolvam a paz”, assim rezava o Sheik Amudini durante a celebração. Para a seguir sugerir que o diálogo é única forma de resolver os problemas.“Jamais queremos a guerra. Não queremos mais mortes de inocentes”, frisou.
Um representante da Comunidade Hindu alinhou no mesmo diapasão, apelando para que o Governo e a Renamo dialoguem e encontrem formas possíveis de devolver a paz ao povo moçambicano que tanto merece. “Sim à paz, nada de guerra. Pedimos perdão a Deus e nada de Guerra”, acrescentou.
As crianças que tanto precisam de viver num ambiente de harmonia e de paz apelaram aos protagonistas para que não retornem jamais aos momentos sangrentos dos 16 anos de guerra. “Os titios contaram-nos o que se viveu aqui no país. Nós, crianças, não queremos viver esses momentos. Queremos ser as flores que nunca murcham. Queremos a paz”, lia-se na mensagem dos Continuadores.
PONHAM A MÃO NA CONSCIÊNCIA
Manuel Tomé, destacado membro da Frelimo, disse que era necessário que se pusesse a mão na consciência para acabar com esta situação. “Que ponham a mão na consciência e que se devolva o bem precioso ao povo moçambicano”, disse.
Tomé considerou a marcha como acontecimento importante para o país. “Demonstra quão os religiosos, sociedade civil e o povo em geral não querem mais a guerra. O povo não tem apetência de guerra”, disse e acrescentou que espectro da violência deve sair da cabeça de quem ainda pensa dessa maneira.
MEU NEGÓCIO FICOU PREJUDICADO
Por seu turno, Atul Laxmissancar, empresário, disse que os ataques de Muuxungué prejudicaram o seu negócio. “Só em pouco tempo o meu negócio ficou prejudicado. Muitos dos meus clientes não vieram comprar os produtos no dia de ontem”, disse Laxmissancar. “Esta situação não nos leva a lado nenhum. Não voltemos mais a viver os momentos vividos a 16 anos”, acrescentou.
Segundo ele, o país não pode parar por “causa de uma meia dúzia de pessoas!”. “Fizemos muito sacrifício para alcançar esta paz. Dhakama, que se considera pai da democracia, devia dar exemplo ao povo e recorrer a outras formas de luta do que pela violência”, sublinhou.
O interlocutor exemplificou de forma interessante: “tu és do Maxaquene e eu do Desportivo. Mas quando joga a selecção nacional, estamos todos unidos para apoiar a selecção. O mesmo devemos fazer em relação ao nosso belo Moçambique, independentemente das cores partidárias”, realçou Laxmissancar.