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Litos incendiário

Por admin

Uma jogada de mão na bola, que bem poderia ser interpretada como bola na mão, foi o suficiente para o treinador da Liga Muçulmana Litos, “incendiar” por completo o ambiente, levando a que 

o público atirasse objectos para o campo e o juiz angolano tivesse que ser escoltado, tendo permanecido horas a fio no balneário até que os ânimos sossegassem.

Para trás ficou uma eliminatória em que a Liga acabou tendo um “deficit” de 4 golos e em que só se pode queixar da sua ineficácia no jogo da 1.ª mão. Responsabilizar o juiz pela eliminação, é simplesmente caricato!

 

AS CONSEQUÊNCIAS

QUE VENHAM DEPOIS?

 

É natural que a mão dura da CAF se venha a abater sobre o representante moçambicano. E se os dirigentes da Liga Muçulmana não quiserem que a culpa morra solteira, não terão que procurar muito pelo culpado, até porque o seu nome tem apenas cinco letras: LITOS!

E eu até creio que a forma irracional como o técnico português se comportou, poderia ter consequências bem mais graves. Ele fez, na realidade, que um rato tenha parido um gato, mas que bem poderia ter parido uma montanha! Foi um espectáculo gratuito de malcriadez, a partir de gestos e palavrões, protagonizado por quem é pago para ser educador e disciplinador.

Aventa-se que aquela reacção tenha sido o culminar de um mau perder e que motivou um conjunto de despropositadas atoardas contra o Maxaquene e que já receberam resposta adequada do treinador Arnaldo Salvado. Se foi isso, então direi que o técnico tem mesmo que encontrar outras formas de demonstrar serviço aos seus patrões.

Litos sabe – ou devia saber – que o clube que treina não é uma virgem imaculada no que toca à corrupção. Pessoalmente nunca estive – e não estou – de acordo com a designação “Muçulmana”, para um clube na primeira linha competitiva, cuja bandeira quer cobrir todos os moçambicanos. Mas isso é assunto para outro momento de abordagem.

 

TERRENO FÉRTIL

AO INCÊNDIO

 

Um estrangeiro que para aqui vem cooperar, terá necessariamente que estudar e perceber que o ambiente político em Moçambique, em vésperas de eleições, com greves e contestações à mistura, é muito propício a “incêndios”. Que ninguém deseja. E o futebol é um campo fértil para a descarga de insatisfações nem sempre de forma racional.

A equipa da Liga Muçulmana agradou-me porque jogou bem, porque espantou fantasmas e venceu complexos de inferioridade. É esse um grande motivo de satisfação. O técnico português, ao invés de sugerir que se pague corrupção com corrupção, deveria preocupar-se em registar o que não esteve bem e preparar novas jornadas, valorizando a excelente matéria-prima de que dispõe. Ele, certamente que não veio de tão longe para nos motivar a sermos incontroladamente primitivos.

 

 

SOBRE O JOGO…

 

 

 

Poucos de nós sabemos o que se passou no jogo da primeira “mão” entre o TP Mazembe e a Liga Muçulmana. Porém, o resultado de 4-0 não pode ter sido fruto do acaso. Uma vez em Maputo, com o realismo das grandes equipas, o técnico congolês montou uma estratégia para não correr riscos. E saíu-se bem.

Nas bancadas e camarotes do campo da Liga, muita gente se insurgia, a plenos pulmões, contra três coisas: o “queimar tempo” dos visitantes; a alusão ao facto de o TP Mazembe “não jogar nada” e a arbitragem do angolano.

Confesso que ultimamente não tenho sido assíduo ao futebol, mas estranhei os factos atrás referenciados.

Vou tentar “dissecá-los”:

Queimar tempo: os visitantes fizeram exactamente o que a Liga faria na situação inversa. É o que se faz, dentro de certos parâmetros, em todo o mundo. Isso não representa desrespeito pelo adversário;

– Sobre o sentimento de que os congoleses “afinal não jogam nada”, vou apenas socorrer-me a uma frase do meu ilustre amigo Martinho de Almeida: “nunca digas que o teu adversário não joga nada, se a tua equipa tiver perdido. Estarás a dizer que ainda jogas menos que ele”;

– Relativamente à arbitragem, fiquei espantado com os comentaristas que viram o juiz a levar os congoleses ao colo. Creio, muito sinceramente, que as opiniões sobre a actuação de Martin de Carvalho foram à partida “inquinadas” pelo facto de se pensar que sendo angolano e perante o resultado da 1.ª mão, a arbitragem não deveria ser isenta, mas, isso sim, levar a Liga ao colo.

 

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