A Taça de Moçambique, em futebol, passa a ser disputada em duas “mãos” a partir dos quartos-de-final, conforme decisão da direcção da Federação Moçambicana de Futebol (FMF).
A FMF defende que os jogadores moçambicanos jogam pouco, por isso, está à busca de alternativas para alargar o tempo de competição ou, no mínimo, acrescentar mais jogos no calendário aprovado.
Por isso, decidiu em sessão ordinária recentemente realizada introduzir o sistema de duas “mãos” para apurar os vencedores das eliminatórias da Taça de Moçambique.
Este ano, o modelo será introduzido a partir dos quartos-de-finais porque o calendário está apertado, mas em 2014 a nova fórmula vai vigorar logo nas partidas dos oitavos-de-final.
Conforme o presidente de direcção da FMF, Feizal Sidat, a partir dos quartos-de-final da prova as eliminatórias serão decididas a duas “mãos” para conferir mais jogos aos atletas.
– Joga-se pouco futebol em Moçambique, por isso a federação decidiu que na Taça de Moçambique a partir dos quartos-de-final deste ano as eliminatórias serão disputadas em duas mãos. As meias-finais também, porque queremos dar mais jogos aos jogadores.
Sidat citou as dificuldades encaradas pelo representante moçambicano na Taça CAF, em Marrocos, como resultado da falta de competição intensa no país.
– Vimos agora que a Liga Muçulmana foi sufocada em Marrocos, porquê? porque chega o momento da responsabilidade os jogadores não aguentam. Aqui em Moçambique em 54 semanas só jogamos 32, por isso sou a favor da realização de alguns jogos às quartas-feiras, bastando a federação e a Liga Moçambicana de Futebol coordenarem para ajustar as questões das viagens.
Perguntamos ao dirigente da FMF como encarava a reclamação dos treinadores e dirigentes dos clubes que alegam cansaço quando realizam dois jogos num espaço de 72 horas, ao que respondeu:
– O problema é que os treinadores não estão habituados, estavam a dormir à sombra da bananeira; aqui a época começa muito tarde, o “Moçambola” só arrancou em Abril. Praticamente os clubes, treinadores e jogadores gozam férias de três meses, não há futebol que possa desenvolver com estas férias prolongadas.
O dirigente fundamenta que “os jogadores são profissionais, saem de casa e dizem as esposas que vão trabalhar, não descansar”.
Para Sidat, o problema levantado pelos técnicos é falso e resulta da deficiente preparação dos mesmos para encarar uma época inteira.
– O problema é também da planificação dos treinadores, porque se pode inscrever 30 atletas e jogam 11 de cada vez, tem margem para utilizar os outros do plantel. É preciso jogarem todos, se tem 25 atletas há oportunidade para todos jogarem, o treinador deve confiar em todos. O problema é do equilíbrio do plantel.
MUITO TRABALHO
PARA AUGUSTO MATINE
A FMF acaba de reformular a composição do Gabinete Técnico, com a integração de Augusto Matine (coordenador), Aquimo Rachid e João Figueiredo, cuja missão é liderar o sector de formação.
Questionado sobre estas alterações, o presidente da federação disse que “sabemos que Augusto Matine já trabalhou na federação, já conhece os cantos da casa, é um homem de futebol, pessoalmente sempre admirei o trabalho dele, só não o tivemos antes devido a dificuldades financeiras, agora estamos minimamente organizados”.
Indicou que espera muito profissionalismo e dedicação por parte dos técnicos contratados para Moçambique virar a página relativamente ao trabalho desenvolvido nos escalões de formação.
– Espero de todos eles muito trabalho. Eles devem harmonizar o futebol na formação, a responsabilidade de Augusto Matine é na formação, olhar para o funcionamento da Academia Mário Coluna e fazer a ligação entre os treinadores dos clubes na área de formação.
No entender do nosso entrevistado, há muito a fazer na formação e as dificuldades são imensas, daí a necessidade de envolvimento dos vários agentes de futebol.
Sidat anunciou que brevemente a federação vai efectuar visitas aos clubes para se inteirar do ambiente real vivido diariamente na área de formação.
Queremos saber o que se passa de facto para a formação não acontecer como queremos. Sabemos que querem fazer futebol, o país tem dificuldades. Penso que vamos ter uma solução. De longe temos a ideia de que o problema é que há pouco investimento, mas é preciso saber exactamente o que está a falhar– observou.
O presidente da FMF congratulou-se com o facto de emergirem vários movimentos direccionados a formação de jogadores de futebol. Todavia, entende que é necessário integrar técnicos formados e motivados nos clubes.
– Felizmente muitos clubes já têm equipas de formação, agora temos que ver quem está a treinar lá, porque não basta ser antigo atleta, é preciso formação mínima, também na área de educação física. Esse é um trabalho a realizar pelo Gabinete Técnico em coordenação com os clubes e associações.
A ideia é introduzir, futuramente, um nível básico obrigatório para um treinador orientar uma equipa de formação.
Podemos introduzir um mínimo de nível 2 da Associação de Futebol para o treinador de formação. É importante os técnicos conhecerem também seu papel no desenvolvimento físico dos atletas– apontou.