Opinião

2013-2023 – DÉCADA DO RENDER DA PARADA

Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?Uma geração vai e outra geração vem; mas a terra permanece por tempo indefinido.” (Eclesiastes 1:3-4.) 

 

Mais uma vez e graças a Deus, neste primeiro Domingo do ano, digo-vos: sejam bem-vindos a este cantinho de amizade! Porque só os verdadeiros amigos é que conseguem honrar os seus compromissos. Eu pelo menos durante todas as Cinqüenta e duas Semanas do ano que acaba de nos deixar, estive pontualmente presente, por vezes constipado ou com enxaqueca, mas sempre presente. A amizade é mesmo isso, pode-se comparar ao compromisso assumido pelos nubentes: na tristeza e na alegria, na pobreza e na riqueza sempre juntos, até que a morte nos separe. “Pois é!” como usava dizer a nossa saudosa amiga Lina Magaia! No passado dia um de Janeiro aqui na minha cidade capital, (quero crer noutras urbes desenvolvidas desta nossa maravilhosa Pérola do Indico adentro também), muita gente durante os primeiros Dez minutos, eufórica, queimava foguetes, feliz por receber um “Novo Ano”. Comigo foi diferente. Aqueles primeiros Dez minutos foram duma angústia picante e mordaz. Passei-os melancólico e sorumbático. E, não é para menos. É que no lugar de ver o inicio de um novo ano, vislumbrei mais é, o inicio duma década “epigónico” digamos assim. Nasci no dia um de Janeiro dum ano que já se foi logo nas primeiras quatro décadas do século passado. Por isso, cada vez que testemunho a passagem de um Janeiro, sinto um “encurtamento” da rota que me separa do fim da minha comissão neste Planeta. Ao contrário dos atletas que se sentem felizes pela sua aproximação à meta, a situação de muitos daqueles que correm em direcção a entrega da vida ao seu Criador é bastante dolorosa. Invade-os uma nostalgia que roça as artérias e as veias do cérebro, levando-os a prever um futuro incerto ao fim de cada década. O facto é que, até onde consigo compreender o quadro político deste meu (nosso) Pais, percebo que nos aproximamos do fim de uma geração de governantes e inicio deuma mudança importante. É como se acabasse uma fase das nossas vidas e começasse outra.Mas que fazer!? É a Lei da vida. A Lei da espécie humana. O tempo avança implacavelmente. Do âmago da natureza, irrompem constantemente vidas e vidas que nascem e fenecem. Tudo é fecundado; nada escapa do monumental e fascinante movimento dos seres e do turbilhão silencioso, e, algumas vezes, tempestuoso do mundo.Como dizia o velho Químico francês Lavoisier, na sua “Lei de Conservação das Massas”: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.A permanência de uma geração neste Planeta obedece a imperativos biológicos incontornáveis. Não depende da nossa vontade. Desde que o homem começou a existir, foi reconhecido através de gerações. Gerações que deixaram marcas. O homem de Neandertal foio precursor do homem de Cro-Magnon, representante do Homo Sapiens pré-histórico. Cada geração marcou a sua presença. Deixou vestígios. Por isso, até finais da década que iniciou há seis dias, (2013-2023) a minha geração, a Geração de 25 de Setembro, Geração dos Libertadores da Pátria, Geração de Heróis, terá chegado ao fim. Terá já cumprido oseu papel, e dará lugar a outra, posterior àLuta de Libertação Nacional. Em 2023, todos os da minha geração, teremos para cima de Oitenta anos. Mas, muitos de nósnãomeparece estar preparadospara perceber essa verdade. Claro que, todo ser humano é um sonhador que carrega noseu íntimo desejos e ambições. Mas, na vida devemos escolher entre o sonho e a realização, só assim conheceremos a felicidade. Sonhar é ver o futuro, realizar é vivenciar o futuro. Por isso que olhando para essa época futura, concluo que, nós, os da minha geração,aos olhos da geração dominante dessa época, seremos uma espécie em extinção. Mesmo que a saúde nosgaranta, dificilmente poderemos voltar ao poder. Imaginando-me ainda vivo nessa altura com mais de oitenta anos, sinto que os melhores lugares para encontrar ou recordar velhos amigos e conhecidos, tirando as Campas nos cemitérios, serão os Centros de Saúde. Assim, Até lá, teremos quatro momentos importantes, que servirão de Rendição de Parada, como se diz em linguagem militar: As Eleições Autárquicas deste ano, as Eleições Gerais do próximo anos, as Eleições Autárquicas de 2018 e as Eleições Gerais de 2019. Daminhageração, certamentealguns tentarão fazer-se eleger em 2018 e 2019. Porém, quer ganhem, quer percam, com isso se encerrará a etapa dessaminhagloriosa geração no governo deste País. É impossível determinar em que momento exacto isso se consumará, porém,é evidente que até lá, novas lideranças políticas irão seimpor no cenário nacional. Sem dúvida que o futuro se constrói no presente, e sempre a partir das orientações de experiências passadas, que podem até ser repetidas, setiverem sido boas. Pergunto-me: essageração viverá melhor ou pior do que a minha? A resposta dou-a eu mesmo: à medida que o Pais avança, surgem novos desafios, e vislumbra-seum novo horizonte. Um futuro de novas oportunidades, justiça social e desenvolvimento, e, a forma que se for respondendo a esses desafios é que decidirá como será o futuro dessa Nova Geração de Governantes.

 

Infelizmente cada dia que passa torna-se difícil falecer de velhice, pois há com cada doenças. Mas pessoalmente gostaria de falecer dormindo. De velhice como aconteceu com as minhas duas avós a mais nova das quais faleceu aos 96 anos. Dormindo. Mas, até lá, a minha geração, continuará fiel aos seus ideais: pronto a combater até às últimas consequências os que pretendem nos dividir para poderem reinar e vender esta Pátria cuja construção custou baldes de sangue. Cá estamos nós para, como diz o outro: ver, ouvir e falar! Siya Vuma!

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